Sunday, December 26, 2004

Porquê toda esta protecção à casa do gaiato e à obra do ardina? A casa do gaiato vai ser visitada pelo ministro da saúde e pelo cardeal patriarca, e continuam a mandar crianças para a obra do ardina. O mal vem de trás. Porque o processo Casa Pia não teve uma evolução adequada (isto é, sai desresponsabilizada do mal que provocou e deixou provocar aos jovens a quem competia guardar) e os próprios ministérios decidem contra as suas Inspecções Gerais


Custa a perceber a aceitar como é que o PSD desceu tão baixo. O mal começou com os próprios governos de Cavaco, com os principais ministros a trocar a política por cargos bem pagos em empresas privadas (Duarte Lima, Dias Loureiro, Ângelo Correia, Mira Amaral …). Políticos reformados a ganhar muito dinheiro em empresas. E o mal tem vindo a acentuar-se até agora.


Vasco Pulido Valente continua a acertar nas suas crónicas no Público: falando da emergência do fenómeno religioso, particularmente nos Estados Unidos, afirma que já não existe um ocidente, existem dois, de novo divididos pela religião.


António Matias, arqueólogo de Santarém, pretende fazer um estudo genético sobre a ligação da população da região de Santarém aos muçulmanos que estiveram na região mais de 4 séculos: espero que consiga fazê-lo


Por último, neste Natal, na região palestiniana ocupada, parece que houve uma manifestação de católicos contra o apartheid a que estão sujeitos. Vi isso a passar fugazmente na televisão. Se assim for é de saudar este gesto, porque torna mais pluralista o protesto contra a intolerável ocupação israelita.






Sunday, December 19, 2004

José António Saraiva, Director do Expresso, defende, em 2004-12-18, um acordo de regime, promovido pelo Presidente da República. Parece-me que tem razão. Este acordo deve ter uma vigência de 20 a 30 anos e ser assinado pelos principais partidos. Se Jorge Sampaio não o promover será provavelmente Cavaco e Silva, o próximo Presidente, a tomar essa iniciativa.
Deve ter incidências no controle de custos, desenvolvimento e nas indispensáveis reformas políticas e constitucionais.


Já agora, e como a asneira é livre, também se diz no editorial desse mesmo jornal que nos países subdesenvolvidos só se conseguem coisas através de corrupção. E dão-se os exemplos de Valentim Loureiro, Alberto João Jardim e Pinto da Costa! O que diria a isto Wangari Maathai?


Uma tarefa mais nobre para os socialistas do que construir o chamado socialismo ou meter o socialismo na gaveta é governar bem, isto é, com economia de meios e de custos, sem esquecer o possível interesse pelas pessoas
Para além disso necessitam ter uma atitude corajosa no Mádio Oriente e não imperialista com os palestinianos


Em muitos aspectos os Estados Unidos estão ao nível de Portugal nos anos 70: direitos humanos, protocolo de Quioto, saúde pública …



Sunday, December 12, 2004

Esta é do Jornal Público de 11 de Dezembro de 2004. A Espanha é, neste momento, um dos países mais desenvolvidos da Europa, com um dos governos mais progessistas do mundo. Enquanto nós nos entretemos com as macaquices de Santana Lopes e estamos num buraco eles trabalham, e bem. Observemo-los!




Governo Espanhol Apresenta Código do Bom Governante

Sábado, 11 de Dezembro de 2004

A proposta é "aproximar o comportamento dos altos cargos públicos das exigências dos cidadãos"

O Governo espanhol anunciou ontem que está a estudar a possibilidade de vir a impor um pacote de exigências para reforçar a transparência e a austeridade dos membros do Governo e dos altos quadros da administração pública, incluindo a exigência do "carácter público" do registo das suas actividades, bens e direitos patrimoniais. Os altos responsáveis do sector público espanhol também poderão ficar proibidos de receber qualquer remuneração para além daquela inerente ao posto que ocupam e não poderão aceitar presentes.

O ministro da Administração Pública, Jordi Sevilla, apresentou ontem ao Conselho de Ministros um documento sobre o "Código para o bom governo do Governo", cuja finalidade é, segundo o Executivo de Zapatero, "aproximar o comportamento dos altos cargos das exigências dos cidadãos, para aumentar a confiança destes na sua administração".

O texto apresentado por Sevilla será posteriormente transformado em projecto-lei e implica um endurecimento do regime de incompatibilidades para governantes e altos quadros da função pública.

O Código, a ser aprovado, afectará membros do Governo, todas as chefias de topo da administração pública, bem como presidentes, directores e gestores das empresas públicas, das fundações públicas e dos órgãos reguladores e de supervisão. O projecto desta "cartilha" traduz-se numa série de medidas agrupadas em vários pontos:

Austeridade no uso do poder: evitar todas as manifestações externas inapropriadas ou ostensivas que possa manchar a dignidade com que se deve exercer um cargo público.

Proibição de aceitar presentes: todos os presentes, favores, empréstimos, serviços ou outra prestação económica em condições vantajosas devem ser rejeitados. Ou seja, tudo o que for susceptível de condicionar o desempenho das funções do governante.

Supressão das formas de tratamento: o único tratamento oficial de carácter protocolar será o de "senhor" e "senhora", seguido do cargo correspondente. "A época dos ilustríssimos e excelentíssimos já passou", explicou Sevilla.

Dedicação ao serviço público: os altos cargos da Administração Pública devem abster-se de aceitar cargos em órgãos executivos de direcção de partidos políticos. Os únicos que o podem fazer são o Presidente de Governo, os ministros e os secretários de Estado.

Transparência informativa: obrigatoriedade de proporcionar informação aos cidadãos e à comunicação social sobre o funcionamento dos serviços públicos que chefiam.

Promoção da moldura cultural: a protecção da moldura cultural e da diversidade linguística inspirará as actuações dos responsáveis políticos e da função pública no exercício das suas competências.

Protecção e respeito da igualdade do género: na tomada de decisões deverá promover-se o respeito pela igualdade de género, removendo os obstáculos que possam dificultar a mesma
Regime de incompatibilidades: os altos cargos não poderão compatibilizar a sua actividade como desempenho de qualquer outro posto, seja ele de carácter público ou privado, por conta própria ou de outrem.



Amigos, desculpem ir imperfeito e incompleto, mas hoje não há tempo para mais. Só mais uma informação. Esta activista também está contra a intervenção americana no Iraque



Wangari Maathai


Wangari Maathai


Once was beaten unconscious by heavy handed police. On an other occasion she led a demonstration of naked women.
In 1997, she ran for president against Mr Moi but made little impact.
Esteem
But in elections in 2002, she was elected as MP with 98% of the votes as part of an opposition coalition which swept to power after Mr Moi stepped down.


Her former husband, whom she divorced in the 1980s, was said to have remarked that she was "too educated, too strong, too successful, too stubborn and too hard to control".


Statement by Hon. Prof. Wangari Maathai on the occasion of receiving the 2004 Nobel Peace Prize
9 October, 2004
Assistant Minister for Environment and Natural Resources, Member of Parliament, Tetu Constituency, Nyeri District; Founder and Former Coordinator, the Green Belt Movement, on the occasion of receiving the 2004 Nobel Peace Prize

I would like to thank the Nobel Committee for the unparalleled honour of being awarded the Nobel Peace Prize for 2004. By making this award, the Nobel Committee has placed the critical issues of environmental conservation, democratic governance and community empowerment and peace before the eyes of the world and for that I am profoundly grateful. The 30 million trees planted by Green Belt Movement volunteers – mostly rural women -- throughout Kenya over the past 30 years are a testament to individuals’ ability to change the course of environmental history. Working together, we have proven that sustainable development is possible; that reforestation of degraded land is possible; and that exemplary governance is possible when ordinary citizens are informed, sensitised, mobilized and involved in direct action for their environment. This is a great day for Kenya and especially for members of the Green Belt Movement and the global green movement. It is also a wonderful opportunity to help inspire the nations of the world toward the goals of environmental sustainability, human rights, gender equality and peace. On behalf of all African women, I want to express my profound appreciation for this honour, which will serve to encourage women in Kenya, in Africa and around the world to raise their voices and not to be deterred.
I also want to thank the press here in Kenya and around the world for walking with us in bad and good times.
After 30 years of struggle to renew Kenya’s natural resources and instill a sense of responsibility and ownership at the grassroots level, this elevation to the august company of Nobel laureates like Nelson Mandela, Desmond Tutu, Kofi Annan, Martin Luther King, Jr. and Shireen Ebadi is a totally unexpected and gratifying validation.
Some people have asked what the relationship is between peace and environment, and to them I say that many wars are fought over resources, which are becoming increasingly scarce across the earth. If we did a better job of managing our resources sustainably, conflicts over them would be reduced. So, protecting the global environment is directly related to securing peace. Many people have asked me through the years of struggle how I have kept going, how I have continued even when my ideas and my work were challenged or even ignored. Those of us who understand the complex concept of the environment have the burden to act. We must not tire, we must not give up, we must persist. I would like to call on young people, in particular, to take inspiration from this prize. Despite all the constraints that they face, there is hope in the future in serving the common good. What my experiences have taught me is that service to others has its own special rewards. When we plant trees, we plant the seeds of peace and seeds of hope. We also secure the future for our children. One of the first things I did yesterday when I got the extraordinary news about this prize was to plant a Nandi flame tree. It was at the foot of Mt. Kenya, which has been a source of inspiration to me and to generations before me. So, on this wonderful occasion, I call on all Kenyans and those around the world to celebrate by planting a tree wherever you are. Once again, I want to thank members of the press, members of the Green Belt Movement, friends who have been with me all along, and my three children, Waweru, Wanjira and Muta.
Thank you.

Activism and political life

Maathai founded the Green Belt Movement — a grass-roots environmental lobby — in 1977, which planted 12 million trees across the country to prevent soil erosion. She came to be affectionately called "Tree Woman". Since then, she has been increasingly active on both environmental and women's issues.
Maathai was also the former chairperson of Maendeleo Ya Wanawake (the National Council of Women of Kenya). In the 1980s her husband divorced her, saying she was too strong-minded for a woman, and that he was unable to control her. The judge in the divorce case agreed with the husband.
In 1997, in Kenya's second multi-party elections marred by ethnic violence, she ran for president of Kenya, but her party withdrew her candidacy. Under the regime of President Daniel Arap Moi, she was imprisoned several times and violently attacked for demanding multi-party elections and an end to corruption and tribal politics. Almost single-handedly she saved Nairobi's Uhuru Park in 1989 by stopping the construction of a giant 60-storey Kenya Times Media Trust business complex by Moi's business associates. Maathai was elected to parliament in 2002 when Mwai Kibaki defeated Uhuru Kenyatta. She has been Assistant Minister in the Ministry of Environment, Natural Resources and Wildlife since 2003. She founded the Mazingira Green Party of Kenya in 2003.
Her campaign to mobilise poor women to plant some 30 million trees has been copied by other countries.

Friday, December 10, 2004

Esther MuczniK, no Público, citando Pacheco Pereira, defende 5 elementos como factores comuns e elementos constitutivos da identidade europeia:
O cristianismo
O primado da lei
A separação da igreja do estado
Os direitos humanos
A democracia representativa
O primado do indivíduo

Estou de acordo com todos eles como constitutivos, embora com muita redundância entre eles, excepto com o primeiro.

Para já não sei se Pacheco Pereira formula deste modo esta tese nem como a formula, mas parece-me que o cristianismo não faz parte da identidade europeia, embora tenha significado um avanço fundamental em relação às religiões contemporâneas e anteriores

Para já todo o movimento de defesa dos direitos do homem (dos seres humanos), de emancipação das sociedade civil e de separação da igreja do Estado apresenta um carácter laico, contra os abusos do próprio cristianismo que se tinha, entretanto, ele próprio tornado uma religião reaccionária e que, apesar das promessas de bondade de Jesus Cristo nunca tinha conseguido franquear esse passo decisivo de transformar os direitos humanos precisamente naquilo que eles são: direitos, e não mercês outorgadas por uma qualquer divindade ou pelos seus representantes na terra.

Além disso o islamismo e o judaísmo fazem parte da identidade europeia, tanto com o cristianismo, o humanismo moderno e mesmo movimentos espirituais mais modernos e abrangentes, como a espiritualidade de tipo 12 passos, em que a escolha de uma religião e de uma concepção concreta de poder superior pertence ao foro íntimo de cada pessoa, e não aparece proclamada em documentos oficiais nem em constituições.

Também teremos que ter os nossos mártires para defender esta posição? Espero bem que não seja necessário!

Um governo de assassinos e de pessoas comprometidas com assassinos, é a única coisa que se pode chamar ao novo governo de bloco central de Israel. Um governo comprometido no assassinato de milhares de palestinianos. Custa a crer como é que partidos ditos socialistas participaram nessas acções criminosas, ou as branqueiam e defendem. Um assassínio de Estado é na mesma um assassínio.
Uma tarefa mais nobre para os socialistas do que meter ou não o socialismo na gaveta é ter uma atitude não imperialista com os palestinianos.

Em política sou pragmático. Não sei qual o melhor tipo de sociedade para amanhã. Prefiro que as de hoje funcionem bem e defendam os direitos humanos!



Thursday, December 09, 2004

Estou convencido que do descalabro deste governo se salvaram alguns ministros e algumas medidas: o ministro da justiça, algumas medidas reformadoras do ministro da economia, Bagão Félix, que dantes também tinha feito num bom papel no ministério do trabalho.
A introdução de genéricos e nova gestão dos hospitais também me parece ter sido um avanço, que não deve recuar.

O PSD fez mal em pôr-se atrás de Santana Lopes. Fez um congresso de aclamação e agora lixa-se.

Por outro lado o PS tem de convencer o eleitorado de que não vai por caminhos de clientelismo, como aconteceu nos governos de Guterres, e que vai mesmo optar pelas medidas de diminuição da despesa pública e de ganho de eficácia de que o país necessita.



Sunday, December 05, 2004

Quais são as grandes prioridades governativas de que Portugal necessita neste momento?


Acabar alguns trabalhos prioritários que estão incompletos, como o saneamento básico, e promover o desenvolvimento sustentado do país.

Por exemplo, segundo José Manuel Fernandes, no Público de Sexta-Feira dia 3 de Dezembro, a indústria americana precisa baixar os seus custos em 30% para se tornar competitiva. A indústria portuguesa precisa baixar certamente mais.

Segundo o Jornal de Negócios de Quinta-Feira dia 2 de Dezembro, citado pelo mesmo autor, o mesmo par de sapatos que custa ao fabricante português 5 euros, é fabricado na China por 50 cêntimos.

São estas as grandes tarefas do país e da Europa! Já falámos disso em posts anteriores deste blogue.

Se o PS pretender ser governo e fazer obra terá de acabar com o clientelismo e dedicar-se às grandes tarefas governativas de que o país necessita.



Thursday, December 02, 2004

Jorge Sampaio conseguiu mandar o governo embora no timing certo, aparentemente porque foi capaz de não se precipitar e de reunir um consenso bastante largo à sua volta.

Segundo, hoje vale a pena pensar que o PSD está sem liderança e que deve encontrar uma liderança capaz, porque é mau para a democracia haver um partido com tantas responsabilidades e poder, tão fragilizado a concorrer a eleições desta maneira.

A maneira de escolher líderes políticos em Portugal é sui generis: Muitas vezes escolhe-se um líder político como uma pessoa honesta para dar a cara, atrás do que se esconde todo o tipo de gente e se fazem todas as negociatas.

Wednesday, December 01, 2004

Hoje foi dia de chuva. Na Madre de Deus havia casas operárias e a chuva que teimava em cair


Vila operária na Madre de Deus




Na área do PS, acredito numa pessoa com a fibra e o temperamento de Medina Carreira. Francisco de Assis, por exemplo, que procurou meter alguma moralidade no Norte, já vem enfiar os pés pelas mãos. Diz que conta com Narciso Miranda e Manuel Seabra, por exemplo, apesar do primeiro, mais conhecido, ser um autarca populista e provavelmente corrupto. Assim o PS não marcará a diferença


É altura de pensar em termos de pessoas, e não só em termos de partidos, embora os partidos sejam uma caixa amplificadora, uma caixa de ressonância, que está por trás de cada pessoa.



Monday, November 29, 2004

Os três irmãos inseparáveis que, infelizmente, lutam tanto: judeus, cristãos e muçulmanos. Os muçulmanos construíram a Europa assim como os judeus construíram os Estados Unidos.

Em 1968 Mordechai Vanunu denunciou que Israel possuía 200 ogivas nucleares. Apanhou 18,5 anos de prisão e agora não o deixam sair de Israel. Um herói nacional e internacional. Defende, tal como nós, que Israel e a Palestina constituam um único país, governado por maioria. Um Estado laico de pessoas estimuladas a entender-se.

Mordechai Vanunu

Uma luz ao fundo do túnel
Cavaco Silva acordou para defender, no Expresso, que os bons políticos expulsem os maus, como Santana Lopes. Prepara-se para dar o exemplo. Aquele que foi, provavelmente, o melhor Primeiro Ministro português bem merece ser ajudado por todos nós nessa tarefa! O autor deste Blog congratula-se com esta tomada de posição e apela ao esforço de todos os bons portugueses, independentemente das diferenças que nos separem.






Thursday, November 25, 2004

É terrível e assustador ver o que se passa com o Estado Português. Somos governados pelas pessoas mais mal intencionadas e incompetentes que é possível imaginar. Como diz Vasco Pulido Valente o Estado-Providência na Europa entrou numa lenta mas irreversível agonia, de que não há remédio nem fuga possível. Vai mesmo cair.

Por outro lado, o mundo ocidental cristão, os povos islâmicos e os judeus são três irmãos gémeos. São as três forças que acreditam num Deus monogâmico e que se cruzaram ao longo dos séculos. Lutaram, fizeram as pazes e voltaram a lutar. Os muçulmanos fizeram a Europa quase tanto como os Europeus e outros povos. Deviam agora, finalmente, unir-se face às grandes provações que os esperam, e não ser sujeitos a mais uma desastrosa cruzada.


Rua Rui de Pina


Esta é a rua Rui de Pina, numa região de Lisboa conhecida como Rio Seco

Quem desce de Monsanto para Belém depara com este fantástico cenário. Um canyon, um profundo vale escavado entre rochas de um lado e de outro, com esta fantástica gruta, ao lado e em frente a outras, cenário certamente de inúmeras vidas de feras, homens Pré-Históricos e pessoas à margem da lei das mais diversas épocas e circunstâncias.

Para quando a preservação desta espantosa paisagem, transformada num parque de carros de lixo?

Para quando fazer escavações nesta gruta, e noutras ao lado? Para depois expormos os resultados e transformar esta zona num afamado centro de visitas?



Rua Rui de Pina






Tuesday, November 23, 2004

Em Primeiro Ministros já tivemos de tudo, desde os que se vão às primeiras dificuldades, como Durão Barroso, até aos que não mostraram fibra nem coluna vertebral, como Guterres, que ia destruindo o país com a sua desastrosa regionalização, ao actual mentiroso de São Bento.

Cavaco Silva foi provavelmente o melhor primeiro-ministro que tivemos. E o seu trabalho coincidiu com alguma refundação de Portugal.


O tempo que nos separa da Europa é o tempo que demora a construir saneamento básico em todo o país


A política de tesoura dos estados Unidos e de Israel face ao mundo árabe: Cercar e vencer o Iraque e favorecer os capitulacionistas na Palestina. Ameaçar o Irão. Pensam assim transformar-se nos dominadores da região. Portugal deixou de ser um país tolerante e independente para alinhar com estas posições


Thursday, November 18, 2004




DEMOCRACIA PORTUGUESA: OBJECTIVOS PARA OS PRÓXIMOS 30 ANOS

Quando deixarmos de fazer as coisas à portuguesa,
deixaremos de estar na cauda da Europa




Passados 30 anos sobre o 25 de Abril penso que aquilo que o País precisa é precisamente uma proposta a mais 30 anos, uma proposta de médio prazo, um compromisso estratégico e supra-partidário.

Um dos grandes temas portugueses é o da identidade nacional. Povo da periferia da Europa, habituado, desde há séculos, a guerrear, escravizar, negociar e entender-se com gentios, desconfiado em relação à Espanha e à Europa, ora se entende como uma nação periférica e pobre ora como um baluarte da civilização ocidental e cristã. Vamos a ver, nos próximos 30 anos, o que conseguiremos ser:

O 25 de Abril fez-se com três objectivos fundamentais: democratizar, descolonizar e desenvolver o país de modo sustentável. Se os dois primeiros foram atingidos, falta fazer muito no que se refere ao terceiro.

Se os dois primeiros foram objectivos urgentes e inadiáveis, já o terceiro é um objectivo estratégico a médio prazo, que requer mudanças de fundo

Fez-se, muitas vezes um desenvolvimento casuístico, mas fez-se muito pouco desenvolvimento estratégico. Não se fez:
Saneamento básico suficiente (Leiria cheira mal, ou o estuário do Tejo e o Trancão, ou Alverca e Vila Franca com esgotos a céu aberto, por exemplo).
Rede ferroviária com eliminação de passagens de nível, por exemplo, nem na linha do Norte (Vila Franca e Santarém) escandaloso.
Ordenamento do território, construção nas linhas de costa e nas margens de rios, etc. (caso paradigmático da parte final do Tejo).
Conservação e manutenção de edifícios degradados e históricos (o casco das cidades)

Só se fez algum saneamento básico, fez-se rede viária mas a ferroviária ficou para trás, e fizeram-se inúmeras obras caríssimas (CCB, Estádios do Euro 2004 e tantos outros mamarrachos modernos de dificílima manutenção, feitos com dinheiros europeus e disseminados por esse país fora), sem que antes se tivessem feito estas tarefas básicas e fundamentais (devido à má Administração Pública aos vários níveis, central, regional e local).

Algumas obras de interesse público, embora porventura necessárias, como a modernização da rede ferroviária, a estação do metro do Terreiro do Paço, o túnel das Amoreiras, foram sendo concebidas à portuguesa, isto é sub-dimensionadas em relação às necessidades que pretendem resolver, sem cumprirem especificações técnicas e, portanto, mal feitas. Não houve um pensamento estratégico. Fez-se mal para que ficasse barato, gastou-se dinheiro e agora é preciso repor muito mais para que fiquem em condições.

Continuam a pretender-se fazer obras emblemáticas sem que as necessidades básicas do país tenham sido satisfeitas (Parque Mayer em Lisboa).

As duas melhores e mais dinâmicas indústrias portuguesas, futebol e construção civil, são porventura aquelas onde se consegue fugir mais aos impostos, enquanto a timidez das outras mostra bem como o espartilho administrativo e burocrático aperta sectores em desenvolvimento, dificultando projectos e encarecendo produtos. Uma carga fiscal e administrativa mais eficiente e bem distribuída ajudaria o país a sair do seu atraso, tornaria os produtos mais baratos e facilitaria a produção industrial.


Para os próximos 30 anos


Comemora-se o trigésimo aniversário do 25 de Abril. Que os próximos 30 anos sejam dedicados a estas tarefas fundamentais de desenvolvimento!

Contar com as nossas forças, fazer o trabalho de casa e promover as transformações de infraestrutura sem as quais nenhum desenvolvimento é possível.
Preenchimento de todos os cargos de chefia, na Administração e nas Empresas Públicas, por concurso, excepto os cargos políticos.
Promover as grandes obras através de concursos de ideias e de projectos.
Preenchimento de lugares universitários por concurso (pretender mandar menos para se ter, de facto, mais poder).
Aligeirar a burocracia e o império dos papéis (para se ter, de facto, mais poder).
Alterar a lei de financiamento dos partidos, o segredo bancário, a colecta de impostos.
Alterar o sistema de financiamento das autarquias, de forma a torná-las menos dependentes da construção civil.
Responsabilizar directamente os deputados e os titulares de cargos políticos perante os seus eleitores, acabando com a desresponsabilização e a dança das cadeiras.

Deste modo promove-se a continuidade da administração pública,
e das administrações de empresas públicas como os correios, PT, CGD, e tantas outras, que actualmente flutuam ao sabor da coligação no poder.

O principal destas coisas não se consegue portanto com dinheiro, mas com a implementação de novas atitudes.

Defendo uma política de desenvolvimento, mas sustentado, com respeito e criação de condições de sobrevivência dos animais selvagens e domésticos, o que também não tem sido feito até aqui (veja-se a estagnação do Programa do lince, da autoria do Instituto de Conservação da Natureza). Transformar os jardins zoológicos em centros de protecção de espécies em vias de extinção e centros de recuperação de animais

Um dos nossos problemas é fazermos as coisas à portuguesa. No dia em que fizermos as coisas à europeia, recomeçaremos o caminho para a linha da frente, ao nível de procedimentos, e o desenvolvimento será uma consequência lógica dessa nova atitude.

O povo português é composto de pessoas simples, mas com qualidades extraordinárias de compreensão e de comunicação. Se a isto acrescentarmos rigor de concepção e de execução, colocar-se-á imediatamente entre os mais talentosos e criativos povos do mundo.

Posicionamento futuro de Portugal na Ordem Internacional

O princípio do Século XXI traz consigo alguns paradoxos:

Alguns países de estatuto formalmente democrático, como Israel, os Estados Unidos e um pouco menos países da União Europeia, são cada vez menos democracias e cada vez mais oligarquias democráticas, embora a UE, cujos povos têm mais tradições de convívio e já sofreram inúmeras guerras de vizinhança e mundiais, tente ser sensível a equilíbrios.

Algumas nações democráticas, como os EUA, Reino Unido, e outras, podem produzir políticas e guerras imperialistas, por exemplo contra o Iraque, e podem defender ou assistir passivamente ao aniquilamento de uma nação como a Palestina. Portugal cometeu um erro estratégico ao alinhar com eles.

Portugal talvez esteja, pela sua situação geográfica, capacidade de diálogo e experiência de descolonização, particularmente bem posicionado para mediar o conflito entre países ricos e pobres; apenas nos faltando um pouco mais de constância e de ética nas relações internacionais. Nós, que tivemos Timor e que oprimimos os povos das ex-colónias, devemos defender uma política de respeito pelas lutas dos povos oprimidos, pela democracia, e de abertura internacional genuína.

Deveríamos defender a cessação de subsídios à agricultura por parte de países ricos, com a contrapartida de exploração excessiva e autoritária do trabalho por parte de países do Oriente, possibilitando um comércio mundial igualitário e ético.


Preocupações na intervenção comunitária e política


Os partidos clássicos obrigam a escolhas demais e muitas vezes a fidelidades porventura demasiadas. Prefiro a participação em movimentos cívicos, em vez de partidários, a par da evolução de ideologias de partidos.

É preciso que surjam movimentos de intervenção cívica mais fortes, e que nos consciencializemos que não podemos ficar à espera que os problemas sejam resolvidos pelo Governo, pela Câmara, pelos outros, mas cada um de nós intervenha.

A educação é também transformação das pessoas. As gerações mais novas que apanharam já muita coisa feita, têm que tomar consciência da necessidade de formação, quer pessoal quer profissional, da maior participação de todos na criação de uma sociedade mais livre, mais plural, mais incentivadora das diferenças e geradora de solidariedades, cada vez mais participativa e humanamente emancipadora.




Tuesday, November 16, 2004

Apareceu um roaz corvineiro no Tejo, que se perdeu e ficou enclausurado perto do Montijo, acabando por ser rebocado para o mar com sucesso.
Uma história com final feliz, á espera de que o Tejo tenha de novo condições para ter golfinhos.



Rua Alves Torgo


Rua Alves Torgo: Esta é uma imagem de Lisboa antiga, de casas térreas e bem modestas, agora encravada entre os prédios de cimento do Areeiro


Monday, November 15, 2004

FW: inacreditável
Ora aí está: E assim falam de nós os... chilenos

(Ler até ao fim...simplemente inacreditável. Recebi este texto num mail muito interessante)


DESARROLLO-PORTUGAL:
Lejos de Europa


Mario de Queiroz


LISBOA, 21 sep (IPS) - Indicadores económicos y sociales periódicamente divulgados por la Unión Europea (UE) colocan a Portugal en niveles de pobreza e injusticia social inadmisibles para un país que integra desde 1986 el "club de los ricos" del continente.

Pero el golpe de gracia lo dio la evaluación de la Organización para la Cooperación y el Desarrollo Económicos (OCDE): en los próximos años Portugal se distanciará aún más de los países avanzados.

La productividad más baja de la UE, la escasa innovación y vitalidad del sector empresarial, educación y formación profesional deficientes, mal uso de fondos públicos, con gastos excesivos y resultados magros son los datos señalados por el informe anual sobre Portugal de la OCDE, que reúne a 30 países industriales.

A diferencia de España, Grecia e Irlanda (que hicieron también parte del "grupo de los pobres" de la UE), Portugal no supo aprovechar para su desarrollo los cuantiosos fondos comunitarios que fluyeron sin cesar desde Bruxelas durante casi dos décadas, coinciden analistas políticos y económicos.

En 1986, Madrid y Lisboa ingresaron a la entonces Comunidad Económica Europea con índices similares de desarrollo relativo, y sólo una década atrás, Portugal ocupaba un lugar superior al de Grecia e Irlanda en el ranking de la UE. Pero en 2001, fue cómodamente superado por esos dos países, mientras España ya se ubica a poca distancia del promedio del bloque.

"La convergencia de la economía portuguesa con las más avanzadas de la OCE pareció detenerse en los últimos años, dejando una brecha significativa en los ingresos por persona", afirma la organización.

En el sector privado, "los bienes de capital no siempre se utilizan o se ubican con eficacia y las nuevas tecnologías no son rápidamente adoptadas", afirma la OCDE.

"La fuerza laboral portuguesa cuenta con menos educación formal que los trabajadores de otros países de la UE, inclusive los de los nuevos miembros de Europa central y oriental", señala el documento.

Todos los análisis sobre las cifras invertidas coinciden en que el problema central no está en los montos, sino en los métodos para distribuirlos.

Portugal gasta más que la gran mayoría de los países de la UE en remuneración de empleados públicos respecto de su producto interno bruto, pero no logra mejorar significativamente la calidad y eficiencia de los servicios.

Con más profesores por cantidad de alumnos que la mayor parte de los miembros de la OCDE, tampoco consigue dar una educación y formación profesional competitivas con el resto de los países industrializados.

En los últimos 18 años, Portugal fue el país que recibió más beneficios por habitante en asistencia comunitaria. Sin embargo, tras nueve años de acercarse a los niveles de la UE, en 1995 comenzó a caer y las perspectivas hoy indican mayor distancia.

¿Dónde fueron a parar los fondos comunitarios?, es la pregunta insistente en debates televisados y en columnas de opinión de los principales periódicos del país. La respuesta más frecuente es que el dinero engordó la billetera de quienes ya tenían más.

Los números indican que Portugal es el país de la UE con mayor desigualdad social y con los salarios mínimos y medios más bajos del bloque, al menos hasta el 1 de mayo, cuando éste se amplió de 15 a 25 naciones.

También es el país del bloque en el que los administradores de empresas públicas tienen los sueldos más altos.

El argumento más frecuente de los ejecutivos indica que "el mercado decide los salarios". Consultado por IPS, el ex ministro de Obras Públicas (1995-2002) y actual diputado socialista João Cravinho desmintió esta teoría. "Son los propios administradores quienes fijan sus salarios, cargando las culpas al mercado", dijo.

En las empresas privadas con participación estatal o en las estatales con accionistas minoritarios privados, "los ejecutivos fijan sus sueldos astronómicos (algunos llegan a los 90.000 dólares mensuales, incluyendo bonos y regalías) con la complicidad de los accionistas de referencia", explicó Cravinho.

Estos mismos grandes accionistas, "son a la vez altos ejecutivos, y todo este sistema, en el fondo, es en desmedro del pequeño accionista, que ve como una gruesa tajada de los lucros va a parar a cuentas bancarias de los directivos", lamentó el ex ministro.

La crisis económica que estancó el crecimiento portugués en los últimos dos años "está siendo pagada por las clases menos favorecidas", dijo.

Esta situación de desigualdad aflora cada día con los ejemplos más variados. El último es el de la crisis del sector automotriz.

Los comerciantes se quejan de una caída de casi 20 por ciento en las ventas de automóviles de baja cilindrada, con precios de entre 15.000 y 20.000 dólares.

Pero los representantes de marcas de lujo como Ferrari, Porsche, Lamborghini, Maserati y Lotus (vehículos que valen más de 200.000 dólares), lamentan no dar abasto a todos los pedidos, ante un aumento de 36 por ciento en la demanda.

Estudios sobre la tradicional industria textil lusa, que fue una de las más modernas y de más calidad del mundo, demuestran su estancamiento, pues sus empresarios no realizaron los necesarios ajustes para actualizarla. Pero la zona norte donde se concentra el sector textil, tiene más autos Ferrari por metro cuadrado que Italia.

Un ejecutivo español de la informática, Javier Felipe, dijo a IPS que según su experiencia con empresarios portugueses, éstos "están más interesados en la imagen que proyectan que en el resultado de su trabajo".

Para muchos "es más importante el automóvil que conducen, el tipo de tarjeta de crédito que pueden lucir al pagar una cuenta o el modelo del teléfono celular, que la eficiencia de su gestión", dijo Felipe, aclarando que hay excepciones.

"Todo esto va modelando una mentalidad que, a fin de cuentas, afecta al desarrollo de un país", opinó.

La evasión fiscal impune es otro aspecto que ha castrado inversiones del sector público con potenciales efectos positivos en la superación de la crisis económica y el desempleo, que este año llegó a 7,3 por ciento de la población económicamente activa.

Los únicos contribuyentes a cabalidad de las arcas del Estado son los trabajadores contratados, que descuentan en la fuente laboral. En los últimos dos años, el gobierno decidió cargar la mano fiscal sobre esas cabezas, manteniendo situaciones "obscenas" y "escandalosas", según el economista y comentarista de televisión Antonio Pérez Metello.

"En lugar de anunciar progresos en la recuperación de los impuestos de aquellos que continúan riéndose en la cara del fisco, el gobierno (conservador) decide sacar una tajada aun mayor de esos que ya pagan lo que es debido, y deja incólume la nebulosa de los fugitivos fiscales, sin coherencia ideológica, sin visión de futuro", criticó Metello.

La prueba está explicada en una columna de opinión de José Vitor Malheiros, aparecida este martes en el diario Público de Lisboa, que fustiga la falta de honestidad en la declaración de impuestos de los llamados profesionales liberales.

Según esos documentos entregados al fisco, médicos y dentistas declararon ingresos anuales promedio de 17.680 euros (21.750 dólares), los abogados de 10.864 (13.365 dólares), los arquitectos de 9.277 (11.410 dólares) y los ingenieros de 8.382 (10.310 dólares).

Estos números indican que por cada seis euros que pagan al fisco, "le roban nueve a la comunidad", pues estos profesionales no dependientes deberían contribuir con 15 por ciento del total del impuesto al ingreso por trabajo singular y sólo tributan seis por ciento, dijo Malheiros.

Con la devolución de impuestos al cerrar un ejercicio fiscal, éstos "roban más de lo que pagan, como si un carnicero nos vendiese 400 gramos de bife y nos hiciese pagar un kilogramo, y existen 180.000 de estos profesionales liberales que, en promedio, nos roban 600 gramos por kilo", comentó con sarcasmo.

Si un país "permite que un profesional liberal con dos casas y dos automóviles de lujo declare ingresos de 600 euros (738 dólares) por mes, año tras año, sin ser cuestionado en lo más mínimo por el fisco, y encima recibe un subsidio del Estado para ayudar a pagar el colegio privado de sus hijos, significa que el sistema no tiene ninguna moralidad", sentenció. (FIN/2004)



Wednesday, November 10, 2004




Os dirigentes palestinianos que sucedem a Arafat já decidiram que vão enterrá-lo na Mokata em que esteve prisioneiro durante os últimos 3 anos. Depois vão decidir que não é preciso autopsiá-lo, etc. etc.

Mais uma vez Israel não cedeu nada, porque vai enterrar Arafat na prisão em que esteve em vida, e são os palestinianos que cedem tudo.



Tuesday, November 09, 2004

Provavelmente, a principal característica mundial nestes últimos anos é a emergência das economias do extremo oriente, e o crescimento da China, por exemplo.

A grande tarefa estratégica dos próximos anos no mundo ocidental não é dar cabo dos islamistas mas sobreviver economicamente face ao crescimento do extremo oriente

A principal tarefa é ajudar a China a tornar-se um país democrático e a sua força de trabalho a ser regulamentada e a ter direitos.


Monday, November 08, 2004




Bush envolve-se num espírito de cruzada em vez de ser um presidente laico e acima das confissões religiosas



Sunday, November 07, 2004

Citado de www.grandelojadoqueijolimiano.blogspot.com
que por sua vez cita o www.abrupto.blogspot.com


um postal abrupto e notável

No Abrupto de J. Pacheco Pereira, com data de ontem, há um postal notável sobre os meandros do poder que merece transcrição integral e que ameaça continuar. Que não se faça muito rogado, pois o serviço é inestimável.

O texto do Público de hoje, assim como uma reportagem da Sábado sobre as “agências de comunicação”, são leitura obrigatória para perceber a linha para onde hoje o poder se recolhe, para fugir à falsa transparência do escrutínio em tempo real. Tenho repetido à saciedade que existe um efeito de Big Brother nas políticas em democracia: tudo o que é importante não se vê, ao mesmo tempo que as pessoas têm a ilusão que sabem de tudo, em directo e a cores. O que é importante está do lado de trás da câmara ( a célebre “produção" do Big Brother, os vidros negros e os espelhos que ocultavam as filmagens) ao mesmo tempo que as personagens estão a nu para o “voto” dos “portugueses”. Falsa transparência, real obscuridade. Uma parte do mundo de “negócios” que circula ao lado e dentro dos partidos é constituída por empresas que vivem das encomendas dos partidos (nas campanhas eleitorais) e dos governos. Muitas dessas empresas são formadas por antigos militantes e, nalguns casos, funcionários partidários, que começaram por prestar voluntariamente ou profissionalmente, dentro dos partidos, os serviços que agora vendem. São empresas de todo o tipo de dimensão, que existem a nível local, regional e nacional (neste caso quase só lisboeta), ligadas quer aos aparelhos dos partidos, quer das juventudes. Têm todas em comum serem constituídas por “pessoas de confiança” política, baseadas em amizades pessoais e políticas e conhecedoras dos mecanismos de decisão interna partidária. Fornecem tudo, desde serviços de tipografia, canetas made in China, construção de sites na Internet, “brindes”, marketing, “relações públicas” e “comunicação”. São uma das razões porque as campanhas eleitorais têm muita dificuldade em escapar aos modelos tradicionais, baseados em elevadíssimas despesas de propaganda, que são um excelente negócio que ninguém quer perder. Nos partidos, há toda uma série de intermediários para este tipo de serviços e de “negócios” e existe uma competição entre os fornecedores de serviços, que passa também pelos conflitos internos dentro dos partidos. A promiscuidade é total e uma parte do que se chama habitualmente “aparelho” é exterior às estruturas partidárias. Como em todas as coisas há aqui diferenças significativas de dimensão e sofisticação entre as “encomendas” de uma campanha autárquica no interior e as “encomendas” nacionais, envolvendo fundos muito significativos. Aí o que está em jogo é muito importante, e as paradas são muito altas. Com a sua obsessão pela propaganda, o marketing, a publicidade, e a “imagem” , o grupo à volta do actual Primeiro-ministro tem profundas relações com estes meios, com jornalistas, profissionais de “relações públicas” e de “comunicação”. Este é o outro lado complementar da tentativa directa de controlo da comunicação, ou seja, parte do mesmo processo. Em todos os sítios por onde passou, as despesas deste tipo elevaram-se exponencialmente, dando emprego e “negócios” a toda uma série de próximos que lhe manifestam, como é de esperar, fortes fidelidades pessoais e de grupo. Acontece que este grupo não é constituído por necessariamente as mesmas pessoas e empresas que “já lá estavam” com os anteriores dirigentes do partido, portanto há toda uma partilha a fazer, com gente a ganhar e outra a perder. Isto ajuda a explicar o significado da denúncia do antigo director do Diário de Notícias, que levanta o véu sobre uma realidade política, insisto política, que até agora não tinha sido realmente escrutinada, porque está por detrás das paredes da casa do Big Brother.(Continua)
Publicado por josé às 8:50 PM postCount('109986136842357522'); -->


Tudo isto se interliga com a posição de falsos militantes desses partidos, que estão lá de facto para satisfazerem os interesses das empresas de que dependem


Saturday, November 06, 2004

O Público de ontem trazia já um comentário de Vasco Pulido Valente, recém-saído do Diário de Notícias, provavelmente para fugir à censura Santanista.

É uma festa ler de novo aquele que é, provavelmente, o melhor comentarista português. E lê-lo no Público. Não precisar de ir ao DN de propósito para o ler.

Neste seu comentário, sobre Geo-estratégia, VPV dá-nos de novo o seu melhor.

Sendo, provavelmente, conservador, VPV espanta pela concisão das suas ideias, pela sua capacidade de previsão, e pelo progressismo de muitos dos seus conceitos

Diz que Bush já perdeu a guerra do Iraque, que essa perda arrastará o Estado de Israel, os principados árabes e a casa de Saud da Arábia Saudita, e deixará o Médio Oriente à mercê de países extremistas e fundamentalistas, de que são um exemplo os sectores mais reaccionários do Irão.

Sem querer, os Americanos e seus aliados, já mataram 100.000 iraquianos, tudo para defender a liberdade. Os cadáveres desses iraquianos (esse subproduto da democracia dos Estados Unidos) deveriam ir para o lado do cemitério de Arlington, onde repousam os heróis americanos.

Diz ainda que, demonstrada a impotência americana, a doce vida como a conhecemos no “Ocidente” ordeiro e democrático, ficaria para sempre arruinada.

Isto é, os salários miseráveis e as condições de escravatura dos trabalhadores da China, Índia e Extremo Oriente, acabarão por prevalecer e reduzir os ocidentais a uma pobreza semelhante

Preparemo-nos e façamos o possível para modificar este cenário.

Monday, November 01, 2004




Porque é que os soldados americanos usam luvas de borracha e óculos escuros quando contactam com outras pessoas, por exemplo, prisioneiros do Iraque?

Não é porque os prisioneiros estejam infectados ou possam transmitir doenças através do contacto das mãos.

É para os soldados ficarem desumanizados, robotizados! É para que nenhum sentimento possa transparecer dos seus olhos e nenhum contacto humano possa ser conseguido com as suas mãos.



Sunday, October 31, 2004

E eis os Estados Unidos, estupidamente, a atacar os seus potenciais aliados, os países islâmicos, com a mesma precipitação com que apoiam Israel, com a mesma intolerância com que dantes se faziam as cruzadas.

Nesta guerra dos mais ricos contra os mais pobres esquecem o gigante asiático que cresce desmedidamente, à custa do trabalho infantil e da ausência de liberdades democráticas, e que amanhã o irá esmagar económica e politicamente.

Como lutar contra o poderio emergente do gigante asiático? Como Clinton o fez, exigindo procedimentos éticos de fabrico e de relações de trabalho na China, a ausência de exploração de trabalho infantil, para que haja liberdade de comércio.

Como ser justo no conflito israelo-palestiniano? Cessar as ajudas a Israel e defender a existência de um só território com dois povos, um dos quais sujeito ao apartheid mais desavergonhado e à pior das limpezas étnicas, mas que vão ter de se entender por métodos democráticos. Israel nunca conseguirá expulsar ou fazer calar os palestinianos. As suas vozes far-se-ão ouvir cada vez mais claramente e mais alto!




Saturday, October 30, 2004


Energia renovável assusta indústria nacional


Haverá um plano de evacuação e protecção das populações raianas em caso de acidente nuclear nas centrais espanholas de Almaraz, Aldeadávila e Saelices, a escassos quilómetros da fronteira? Teriam os hospitais distritais adjacentes capacidade de resposta? Como foram seladas as minas de urânio abandonadas no distrito da Guarda? Por que não se aprofundam estudos epidemiológicos sobre a incidência regional de cancros digestivos e hematológicos? São questões que se me levantam quando alguns empresários de ânimo leve arrazoam a solução nuclear em Portugal.
Publicado por Anamnéstico hoje às 9:27 AM , no Blog http://grandelojadoqueijolimiano.blogspot.com/ .



Repete aquilo que nós já dissemos, com a agravante de não se preparar praticamente nada no país ao nível do sector eólico, uma forma de energia renovável, barata, pouco polémica, e pronta a instalar desde já.



Thursday, October 28, 2004

A última linha da democracia em Portugal, dentro do PSD e no poder, eram Durão Barroso e Manuela Ferreira Leite.



Com a vergonhosa demissão de Durão Barroso assistimos imediatamente ao assalto ao poder de mentirosos, de pessoas sem quaisquer princípios e que não sabem, nem querem saber, o que é a democracia.




Wednesday, October 27, 2004

Em Israel: Democracia só para alguns, só para consumo interno.


Em Portugal ainda não se investiu em energia eólica e já se fala em nuclear...


Saturday, October 23, 2004

Fui ver o excelente filme de Rui Canijo "noite escura"
Muito bom, nem parece português, tem uma história, tem ambiente
Parece um clássico de filme negro.


Bondade social e democracia. O que é a bondade social?
É aquilo que não defendem Tony Blair ou George Bush,
arautos de supostas democracias, são verdadeiramente imperialistas


Friday, October 22, 2004

Geopolítica

Os Estados Unidos fizeram uma escolha errada de aliados, e a Europa está dividida. Os nossos aliados naturais são a África e o Médio Oriente, porque não têm indústrias que compitam com as nossas, têm largos espaços naturais e matérias-primas, e têm civilizações que até se nos assemelham. E estão a dar cabo da nossa relação com essa gente e a aliar-se ao trabalho forçado e aos regimes tirânicos do Extremo Oriente

Isto que eu estou a dizer não significa prescindir da luta pelos direi tos humanos em África e no médio Oriente nem combater a tirania de alguns regimes. Pelo contrário, significa reforçar essa luta.

Aquilo que se passa na Turquia e União Europeia é um bom exemplo daquilo que eu disse há pouco. A União Europeia, embora com ziguezagues e contradições, pretende aproximar-se da Turquia e que esta se aproxime de um regime democrático, e irá certamente aperfeiçoar essa democracia e torná-la um regime laico conforme, precisamente, já fez com alguns dos seus actuais membros.

Thursday, October 21, 2004


FINALMENTE A REMODELAÇÃO QUE SE ESPERAVA

Enquanto a direcção não é formalmente substituída (e a pluma caprichosa - também conhecida como Clara Ferreira Alves - não assume a direcção) já se notam no DN os efeitos da gestão parcimoniosa de Luis Delgado, esse mesmo. Assim Vasco Pulido Valente, quiçá a melhor razão para comprar o DN de Sexta a Domingo, vai abandonar o DN - despede-se amanhã - transferindo-se para o cabalístico Público.
Esta medida ainda não mereceu comentário da AACS, aquela coisa que era para ser extinta... Ao Público os nossos parabéns.
Publicado por Manuel às 4:15 PM do dia 21 de Abril em http://grandelojadoqueijolimiano.blogspot.com/


Os americanos tendem a over-react. Este eufemismo é capaz de explicar muita coisa sobre as tácticas deles na luta contra o terrorismo: usar meios desproporcionados contra as agressões a que estão eventualmente sujeitos.




Tuesday, October 19, 2004

A grande demagogia de Bagão Félix no OGE 2005 é partir do princípio que a economia do país vai crescer 2,5%. Vai é estagnar ou piorar, e ainda pior com a vitória anunciada de George Bush, que agrava a crise do petróleo e aumenta todos os custos.


O Ocidente reprime o Islão e investe na China. Não se percebe porquê, porque a China explora no limite da escravatura a sua população, explora o trabalho infantil, tem armas nucleares, e não é um país democrático. Não se percebe que política é esta.

Os Estados Unidos invadem o Iraque, e favorecem Israel, porque estes países estão mais perto. E tentam invadir o Irão a seguir para depois se dedicarem ao Extremo-Oriente.

O espírito de supremacia do Ocidente: galgar tudo e todos e não respeitar os direitos humanos, é que tem de acabar!

Os ataques dos soldados dos EUA a Falujja são particularmente tenebrosos porque atacam uma população inteira por causa de um suposto terrorista.


Sunday, October 17, 2004

Sanções Comerciais

Excelente o comentário de Vasco Pulido Valente no DN de hoje. Só que não consegui encontrá-lo na edição da internet para o piratear para aqui.
Faz uma crítica cerrada, em poucas palavras e certeira, ao orçamento de Estado para 2005, elaborado por de Bagão Felix, afirmando, por exemplo, que se baseia em 2 pressupostos errados: de que a economia portuguesa vai crescer e a inflação abrandar.

Ora não vai acontecer nem uma coisa nem outra, em grande parte devido aos preços do petróleo, à crise do Iraque e do Médio Oriente, onde acabamos todos por estar envolvidos nesta guerra que os Estados Unidos, a Inlaterra e a Austrália teimam em manter.

Não seria melhor imporem sanções comerciais à China que, essa sim, não respeita os direitos humanos, tem armas nucleares e arregimenta milhões de pessoas em trabalho praticamente escravo, arruinando ao mesmo tempo as indústrias do mundo mais desenvolvido?




Wednesday, October 13, 2004

Agora são os conservadores americanos que falam de novo em quarta guerra mundial e em atacar o Irão, a mãe do moderno terrorismo islâmico. Se Bush ganha teremos enormes problemas a nível mundial!

Sunday, October 10, 2004

Como Santana mente!

Como Santana mente! - Pressões sobre Marcelo? Não dei por nada! - As críticas do Presidente da República são bem vindas! - As críticas de Nobre Guedes são bem vindas! Como todos os bons mentirosos disfarça com uma mão para atacar com a outra!

Um governante de terceira categoria, populista e demagógico. Um presidente da Câmara que deixou Lisboa cheia de buracos! Um playboy provavelmente também de terceira categoria, que devia estar na Quinta das Celebridades em vez de estar a governar o país!

É detrás deste mentiroso, desta sinistra e picaresca figura que os atropeladores do costume (por exemplo o lobby dos autarcas corruptos) cometem todo o tipo de desmandos, e que os vigaristas do costume se sentem autorizados a praticar todo o tipo de negociatas com o Estado!
Eu julgava que Guterres tinha sido um mau primeiro-ministro (e foi) mas, pela primeira vez, aparece alguém que pode ser bem pior!


Marcelo passa à categoria dos melhores da democracia portuguesa, pessoas de todos os partidos e quadrantes.
Já lá estão Medina Carreira, Freitas do Amaral, Silva Lopes, Gonçalo Ribeiro Teles, e tantos outros, que estão vivos e bem vivos, são cada vez mais e ainda hão-de fazer muito por Portugal.


A democracia não é o único valor. Existe também a bondade das pessoas, das famílias e dos povos. Por isso vemos povos menos evoluídos, como os árabes e os palestinianos a resistir com sucesso às democracias inglesa, americana e australiana, assim como dantes as democracias Grega e Romana soçobraram perante as invasões dos bárbaros, mais primitivos mas com maior solidariedade e coesão social interna. Já não falo de Israel porque esse país nunca foi uma democracia.
Embora não defenda o terrorismo, compreendo que povos como os palestinianos, (ou agora os iraquianos invadidos), ignorados por todos, reduzidos à pobreza, espoliados da sua terra, sujeitos a uma morte lenta e a assassinatos selectivos dos seus líderes, sujeitos a muito maior vileza do que a do apartheid, só têm os seus corpos para lutar



A energia eólica em Portugal não arranca. Não será outro lobby, ligado aos combustíveis fósseis e associado agora a Álvaro Barreto?


Expresso de 2004-10-09: Pag 31. António Saraiva faz reviver a necessária questão dos círculos uninominais e da responsabilidade dos deputados perante os seus eleitores. Eu acho que devemos mudar Portugal nos próximos 20 anos, e que estas questões da estrutura e funcionamento do nosso sistema político são indispensáveis e estruturantes.



Página 25, internacional, do Expresso de 2004-10-09: 90 mortos na Faixa de Gaza, na operação Dias de Penitência, contra 1 colono judeu e duas crianças israelitas mortas pelos palestinianos. Segundo o académico judeu Benny Morris, que inspira o Governo, este sempre quis, desde Ben Gurion em 1948, um Estádio judeu sem árabes, tendo sido um erro não ter expulsado toda a população árabe de Israel.

Arnon Soffer, por seu lado, chegou à conclusão que em 2010 a população árabe será superior à judia em Israel mais territórios ocupados, pondo fim ao carácter judeu do Estado de Israel. Para evitar isso pretende retalhar os territórios palestinianos em 3, através de muros tão altos que nem os pássaros consigam passar: Para ele, e para tantos israelitas, é importante que os palestinianos se vão embora, para a Jordânia e algures, como o tinham feito desde o fim da guerra até 1967, deixando toda a região para os israelitas.



Thursday, October 07, 2004

Estamos ompletamente solidários com Marcelo Rebelo de Sousa



Basicamente Medina Carreira critica os governos Guterres, afirmando que a situação económica do país se degradou entre 1995 e 2000. Pretende que isso se corrija e não se repita.
Veja-se também o que ele defende sobre o aumento dos salários dos funcionários públicos.
Afirma que grande parte dos nossos políticos promete coisas sem conhecer as finanças públicas





Wednesday, October 06, 2004

Medina Carreira


Entrevista do Professor Medina Carreira a "A Capital", de 4/10/2004

Entrevista do Professor Medina Carreira a "A Capital", de 4/10/2004: reproduzido do Blog http://grandelojadoqueijolimiano.blogspot.com, e de “A CAPITAL”


· A Capital - No seu estudo «O Estado à deriva», onde faz um diagnóstico à crise financeira que o País atravessa, diz que as contas públicas portuguesas sofreram a maior «deterioração» entre os países da União Europeia a 15 entre 1990 e 2002. Que razões originaram essa situação?
· Henrique Medina Carreira - As despesas do Estado têm subido mais que as receitas fiscais. Isto é, gastou-se sempre muito acima do que se arrecadou. Entre 1990 e 2002, os impostos cobriram pouco mais de metade do aumento das despesas primárias.
· A Capital - A que despesas se refere?
· HMC - Todos os dispêndios feitos com salários, pensões, subsídios, equipamentos, obras, etc., pelas chamadas Administrações Públicas: a Administração Central, a Local e a Segurança Social.
· A Capital - O aumento dos encargos com a chamada «máquina estatal» foi uma das causas que originou a actual crise?
· HMC - O aumento excessivo, sim. Apenas 55 por cento desse aumento das despesas públicas primárias foram financiados pelo acréscimo dos impostos. Caso único na UE/15. Um absurdo de que nenhum outro país se aproximou, sequer.
· A Capital - Não é uma aspiração legítima que os funcionários do Estado tenham salários que lhes permitam fazer face à subida do custo de vida?
· HMC - É uma aspiração muitíssimo legítima. O problema é outro. A fracção da produção anual de riqueza criada pelos portugueses (o Pib), destinada ao “pessoal público”, tem aumentado sempre: 9 por cento em 1980, 11,8 por cento em 1990 e 15 por cento em 2000. Logo, a parte do produto que resta para os outros portugueses tem sempre diminuído, sem qualquer fundamento conhecido. Acresce que Portugal não pode continuar a ser o 17.º país da UE/25 a “produzir” riqueza e o 3.º a pagar ao “pessoal público”. Esta é uma gravíssima questão da nossa despesa pública. Quando se sentencia sobre finanças públicas, sem reparar nestes pequenos pormenores, desconhece-se o argumento inexorável que emerge das realidades e não dos preconceitos.
· A Capital - Defende o congelamento dos salários e pensões do pessoal público, político e administrativo?
· HMC - Defendo o seguinte: aumentos anuais equivalentes à verdadeira taxa de inflação. Portanto, sem perda do poder de compra. Alteração deste regime logo que o peso dos “salários públicos” atinja a média da UE/15, na ordem dos 12 por cento do produto (15% em 2000). Mesmo assim, o “pessoal público” ficaria com várias outras vantagens, de que ninguém fala e que importa não esquecer.
· A Capital - Se o sistema de pensões do pessoal público, político e administrativo tem um peso tão grande nas Contas do Estado, como inverter essa situação?
· HMC - Modificando os critérios políticos fixados na lei, nos bons e velhos tempos. Alguém percebe e aceita que a pensão mensal média do “pessoal público” fosse de 877 euros em 2000 e aumentasse em termos reais 7,5% cada ano, enquanto a da Segurança Social era de 205 euros e crescia à taxa de 2,8%? Por vezes, os que recebem a primeira pensão reclamam mais “justiça social”, mas distraidamente não revelam a verdade sobre a Caixa de Aposentações aos que auferem a segunda pensão, paga pela Segurança Social. Começa-se a fazer “justiça social”, desde logo, a favor dos da casa pública, e fala-se depois alto para que ninguém perceba o que se passa. Um Estado e dois sistemas.
· A Capital - Na sua perspectiva, a grandeza numérica dos que estão dependentes do Estado cria maiores desigualdades sociais?
· HMC - Era diferente quando o Estado tinha 100 mil pensionistas. Agora, tem mais de três milhões, além dos 780 mil funcionários públicos. As crises financeiras do Estado comportam hoje riscos e consequências sociais preocupantes. Não percebo a tranquilidade dos mais responsáveis.
· A Capital - Para mudar este estado de coisas nas finanças públicas é necessário mexer em todas as áreas do sector estatal?
· HMC - Em algumas áreas é essencial. Porém, sem antes encontrar as causas profundas do “desastre” orçamental a que chegámos, não haverá soluções estabilizáveis para o problema, nem as forças políticas podem realizar qualquer acordo sério de regime sobre as contas públicas. Acho surpreendente que se tenha fugido à elaboração de um estudo, por quem sabe e é fiável, tendente a esclarecer, definitivamente, a nossa situação. Porque “pensar” em finanças públicas apenas com base em opiniões e sem contas conhecidas e detalhadas, já nem na minha terra!
· A Capital - Desde que ano está a economia portuguesa em queda?
· HMC - A economia portuguesa está em desaceleração constante desde o início de 1999. Há quase cinco anos. Não foi certamente por acaso que o engenheiro António Guterres abandonou o Governo em 2001. Já não sabia o que fazer para inflectir a tendência. Em meados dos noventa os juros começaram a caír e, nessa altura, as pessoas puderam comprar casas, automóveis, electrodomésticos... Com um grande entusiasmo despesista, a economia cresceu 4 por cento, durante quatro anos. Quando, em 1999, já não havia capacidade de endividamento a fúria consumista caiu. E a economia desacelerou. Se hoje se repetisse o fenómeno dos juros e do consumo público, repetir-se-ia a queda iniciada em 1999.
· A Capital - O problema do endividamento acabou depois por ter reflexos na saúde da economia do País...
· HMC - O País continua com os agentes económicos endividados. O consumo baixou, o investimento também, e a economia não cresce.
· A Capital - Quando no «Estado à deriva» o senhor diz que houve um «disfarce» dos compromissos estatais à custa da «diminuição do peso dos encargos com juros», a que está a referir-se?
· HMC - O Estado pede dinheiro emprestado e fica a dever aos credores. Como qualquer devedor, terá de pagar os juros. Convém então não produzir défices excessivos, que vão gerar crescentes encargos financeiros no futuro. E porque o “envelhecimento demográfico” é já um inevitável pesadelo financeiro, é essencial evitar os défices altos e o crescimento da dívida pública. Uma das razões, fundamentadas, de Manuela Ferreira Leite.
· A Capital - De que forma permitiu essa medida «disfarçar» o agravamento de outros compromissos financeiros do Estado?
· HMC - Os encargos com os juros baixaram muito na segunda metade dos anos noventa, como todos sabemos. Isso possibilitou também uma grande redução das despesas públicas com os juros, “poupança” que foi aproveitada para gastar de outro modo. Assim se “disfarçou” a irresponsável assunção de diversos outros compromissos públicos e se perdeu uma oportunidade única para diminuir drasticamente o défice. Quando os juros deixaram de baixar, as consequências ficaram claras e estão à vista. Só alguns, com teimosia e irresponsabilidade, não quiseram ainda perceber o essencial do que ocorreu e a origem de muitas das dificuldades de agora, com raízes nos anos noventa.
· A Capital - Mas todo este problema resulta também da globalização da economia e do facto de hoje estarmos muito dependentes do exterior. Como é que exemplificaria essa situação?
· HMC - Antigamente, quando o Estado gastava mais 100 contos, uma grande parte desse valor era utilizado em consumo de bens produzidos pelas nossas empresas. Assim se faziam mais sapatos, se produziam mais hortaliças, se pescava mais, se construía mais ... e o dispêndio ficava cá dentro. Hoje, quando há mais 1000 euros a circular, as pessoas vão comprar alimentos que vêm de Espanha, automóveis que vêm da Alemanha ou de França, televisores que vêm da China, laranjas que vêm de Israel... Como exportamos pouco e importamos muito, ao fim de poucos anos o País fica estrangulado com os nossos gastos. Por isso, as políticas que apostam na resolução do crescimento português com a despesa pública e a procura interna vão, mais tarde ou mais cedo, esbarrar no desequilíbrio da balança externa.
· A Capital - Problema que se agrava porque a economia mundial também não está em grande forma.
· HMC - E não é fácil inverter esta tendência. A economia alemã estagna, a francesa está pouco menos que mal. A França e a Alemanha são os dois grandes «motores» da Europa. Em conjunto, representam quase metade da economia da União Europeia a 15. Enquanto não houver aí uma viragem, vamos ter os efeitos negativos da condicionante externa. Durante anos, vamos viver com uma economia débil. Os responsáveis, em vez de dizerem isto e explicarem porquê, procuram convencer exactamente do contrário. Deste modo, os portugueses nunca estarão preparados para enfrentar as pesadas e demoradas consequências do nosso atraso.
· A Capital - Mas quando é que vai ser possível sair da actual crise?
· HMC - Alguma coisa melhorará em função da economia internacional. Mas restará sempre o nosso atraso relativo, cada vez maior no contexto europeu. Se não mudarmos muita coisa e depressa, ficaremos a estagnar porque, passada a má conjuntura, restará ainda a nossa incapacidade, que é estrutural.
· A Capital - Vamos ter «O Estado à deriva» eternamente?
· HMC - Não há problemas insolúveis. Mas, quanto mais tempo demorar a sua resolução, piores os danos produzidos. Finalmente, parece que o Ministro das Finanças vai nomear um grupo de técnicos qualificados, para fazer a projecção, para a próxima década, das contas públicas portuguesas. Li isso num jornal. É preciso conhecer bem a realidade portuguesa para, com rigor, aplicar as soluções. Com efeito, só a partir daí cada força partidária terá as bases indispensáveis e toda a legitimidade para fazer a sua proposta política com vista à resolução dos problemas.
· A Capital - Fala-se muito num possível pacto de regime, a estabelecer entre os partidos, que permita congregar esforços na solução dos problemas do País. Isso seria desejável?
· HMC - O Governo e as forças que o apoiam pensam que a boa fórmula consiste em contrair as despesas públicas e em não deixar que continuem a crescer de forma desmesurada. Mas o PS parece que pensa o contrário, que é necessário gastar mais, investir mais e ter défices superiores a 5 por cento. Assim, não é possível colocar estas duas forças de acordo, porque não partem de um exame objectivo e inequívoco da nossa realidade e das suas pesadas condicionantes. É inútil propor pactos de regime, assentes na ignorância fáctica actual.
· A Capital - O ministro das Finanças faz bem em cortar determinados benefícios fiscais do IRS, como os PPR?
· HMC - Há muitos anos que estes benefícios, e outros, se não justificam. Não se busca o aforro, apenas o ganho fiscal. É a classe média alta que dispõe de meios para beneficiar com os PP’s. A restante, não. O que vamos escutando vem quase sempre dos que perdem dinheiro e dos que fazem oposição por vício. Agora defende-se a classe média alta!
· A Capital - É ou não verdade que será a classe média, uma vez mais, a ser penalizada?
· HMC - É, mas a média alta. Peçam estatísticas ao Ministério das Finanças e perceberão o que se passa.
· A Capital - Que opinião tem do actual Governo de Pedro Santana Lopes?
· HMC - Só tem dois meses e no Verão. Desde já, porém, há aspectos que se evidenciam: é muito desigual, em qualidade. Revela uma completa descoordenação. Pensa ainda que é melhor “comunicar” do que “governar”. O primeiro-ministro que, pelo seu estatuto, raramente deveria falar, intervém com excessiva frequência. Depois, esclarece, rectifica e corrige. A comunicação social anda entusiasmada, porque ele produz notícias. A sociedade desconfia e está inquieta. Se o chefe do Governo persistir não surpreenderá que a legislatura seja abreviada. E o PS já tem um secretário-geral eleito, o que não acontecia há três meses.
· A Capital - E que expectativas tem relativamente ao engenheiro Sócrates, o novo secretário-geral do PS?
· HMC - Era urgente e indispensável que o PS escolhesse uma outra e melhor direcção. Mas se José Sócrates não começar por entender bem o decadente estado do País, as razões profundas da situação, os equívocos económicos e financeiros de 1995/2002, os actuais limites do poder público face às economias abertas, a efectiva ausência de reais competências dos Governos europeus, receio a hipótese de uma nova legislatura curta e fracassada. Os portugueses pensam que são o que não são e é urgente que alguém responsável lhes diga isso mesmo. E o socialismo democrático é particularmente apto para “redistribuir”, mas movimenta-se muito mal numa economia que cresce 1 ou 1,5 por cento. Se José Sócrates meditar muito sobre isto, e tirar as consequências adequadas, poderá resistir melhor. Se pensar no regresso à “receita” e aos excessos de 1995/2002, irá, provavelmente, ter uma decepção. Ao contrário do que se possa pensar, o nosso problema não é o PEC, nem a “pouca” (!) despesa pública (47% do Pib), nem o “pequeno” (!) défice de 5 por cento. É outro e muito mais sério.
· A Capital - Se o engenheiro Sócrates chegar a primeiro-ministro também prevê que o seu governo não seja duradouro?
· HMC - Qualquer pessoa que hoje em dia chefie um Governo em Portugal, sem assentar as suas políticas no conhecimento competente e rigoroso da realidade, vai falhar. Não foi por acaso que Guterres saiu. Não foi por acaso que Barroso saiu. Não será por acaso se o actual Primeiro-Ministro sair mesmo antes de 2006. Nem será por acaso se, com o seguinte, suceder o mesmo. “Redistribuir” sem “produzir” é coisa de que só nós nos lembramos.
· A Capital - Por que razão sucede isso?
· HMC - Como dizem os espanhóis, porque vêm com “ganas” de mostrar trabalho e “dar” a todos dinheiro que não existe. A realidade não o consente. Exagera-se e foge-se depois. Tudo porque quando vão governar não têm um conhecimento seguro das realidades. Prometem antes ... e assustam-se depois.


Com os fundos da União Europeia gastou-se muito dinheiro em edifícios sumptuosos e de conservação cara, a exigir pessoal e programas, em vez de se fazer saneamento básico, estradas, eliminação de passagens de nível, conservação de imóveis degradados, investimento estruturante.


O caso ELF - Pierre Falcone mostra bem que as democracias europeias e americana preferem lidar com ditaduras no terceiro mundo do que com outras democracias, em igualdade de circunstâncias.Foi o próprio governo francês que pagou a caução que a justiça francesa lhe tinha imposto.


Com o aumento do desemprego e o abrandamento do ciclo económico, Portugal está cada vez mais a ser uma ilha Santanista, ou Satânica, rodeada de miséria por todos os lados. Aproxima-se do 3º mundo, com as suas ofertas de trabalho muito limitadas.O governo perdeu a classe, e cada vez mais parece um bando de sátrapas a reinar sobre um país miserável!


Desafio turco à União Europeia: a democracia não é um apanágio das nações cristãs, e há outros valores, como, por exemplo, a bondade. Esses valores levam, por vezes, sociedades menos evoluídas a vencerem sobre outras mais sofisticadas.


Portugal não pode continuara a ser o 17º país da EU/25 a produzir riqueza e o 3º a pagar ao pessoal público. Esta é uma gravíssima questão da nossa despesa pública. Medina Carreira. A Capital. 2004-10-04.
 
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