Sunday, October 31, 2004

E eis os Estados Unidos, estupidamente, a atacar os seus potenciais aliados, os países islâmicos, com a mesma precipitação com que apoiam Israel, com a mesma intolerância com que dantes se faziam as cruzadas.

Nesta guerra dos mais ricos contra os mais pobres esquecem o gigante asiático que cresce desmedidamente, à custa do trabalho infantil e da ausência de liberdades democráticas, e que amanhã o irá esmagar económica e politicamente.

Como lutar contra o poderio emergente do gigante asiático? Como Clinton o fez, exigindo procedimentos éticos de fabrico e de relações de trabalho na China, a ausência de exploração de trabalho infantil, para que haja liberdade de comércio.

Como ser justo no conflito israelo-palestiniano? Cessar as ajudas a Israel e defender a existência de um só território com dois povos, um dos quais sujeito ao apartheid mais desavergonhado e à pior das limpezas étnicas, mas que vão ter de se entender por métodos democráticos. Israel nunca conseguirá expulsar ou fazer calar os palestinianos. As suas vozes far-se-ão ouvir cada vez mais claramente e mais alto!




Saturday, October 30, 2004


Energia renovável assusta indústria nacional


Haverá um plano de evacuação e protecção das populações raianas em caso de acidente nuclear nas centrais espanholas de Almaraz, Aldeadávila e Saelices, a escassos quilómetros da fronteira? Teriam os hospitais distritais adjacentes capacidade de resposta? Como foram seladas as minas de urânio abandonadas no distrito da Guarda? Por que não se aprofundam estudos epidemiológicos sobre a incidência regional de cancros digestivos e hematológicos? São questões que se me levantam quando alguns empresários de ânimo leve arrazoam a solução nuclear em Portugal.
Publicado por Anamnéstico hoje às 9:27 AM , no Blog http://grandelojadoqueijolimiano.blogspot.com/ .



Repete aquilo que nós já dissemos, com a agravante de não se preparar praticamente nada no país ao nível do sector eólico, uma forma de energia renovável, barata, pouco polémica, e pronta a instalar desde já.



Thursday, October 28, 2004

A última linha da democracia em Portugal, dentro do PSD e no poder, eram Durão Barroso e Manuela Ferreira Leite.



Com a vergonhosa demissão de Durão Barroso assistimos imediatamente ao assalto ao poder de mentirosos, de pessoas sem quaisquer princípios e que não sabem, nem querem saber, o que é a democracia.




Wednesday, October 27, 2004

Em Israel: Democracia só para alguns, só para consumo interno.


Em Portugal ainda não se investiu em energia eólica e já se fala em nuclear...


Saturday, October 23, 2004

Fui ver o excelente filme de Rui Canijo "noite escura"
Muito bom, nem parece português, tem uma história, tem ambiente
Parece um clássico de filme negro.


Bondade social e democracia. O que é a bondade social?
É aquilo que não defendem Tony Blair ou George Bush,
arautos de supostas democracias, são verdadeiramente imperialistas


Friday, October 22, 2004

Geopolítica

Os Estados Unidos fizeram uma escolha errada de aliados, e a Europa está dividida. Os nossos aliados naturais são a África e o Médio Oriente, porque não têm indústrias que compitam com as nossas, têm largos espaços naturais e matérias-primas, e têm civilizações que até se nos assemelham. E estão a dar cabo da nossa relação com essa gente e a aliar-se ao trabalho forçado e aos regimes tirânicos do Extremo Oriente

Isto que eu estou a dizer não significa prescindir da luta pelos direi tos humanos em África e no médio Oriente nem combater a tirania de alguns regimes. Pelo contrário, significa reforçar essa luta.

Aquilo que se passa na Turquia e União Europeia é um bom exemplo daquilo que eu disse há pouco. A União Europeia, embora com ziguezagues e contradições, pretende aproximar-se da Turquia e que esta se aproxime de um regime democrático, e irá certamente aperfeiçoar essa democracia e torná-la um regime laico conforme, precisamente, já fez com alguns dos seus actuais membros.

Thursday, October 21, 2004


FINALMENTE A REMODELAÇÃO QUE SE ESPERAVA

Enquanto a direcção não é formalmente substituída (e a pluma caprichosa - também conhecida como Clara Ferreira Alves - não assume a direcção) já se notam no DN os efeitos da gestão parcimoniosa de Luis Delgado, esse mesmo. Assim Vasco Pulido Valente, quiçá a melhor razão para comprar o DN de Sexta a Domingo, vai abandonar o DN - despede-se amanhã - transferindo-se para o cabalístico Público.
Esta medida ainda não mereceu comentário da AACS, aquela coisa que era para ser extinta... Ao Público os nossos parabéns.
Publicado por Manuel às 4:15 PM do dia 21 de Abril em http://grandelojadoqueijolimiano.blogspot.com/


Os americanos tendem a over-react. Este eufemismo é capaz de explicar muita coisa sobre as tácticas deles na luta contra o terrorismo: usar meios desproporcionados contra as agressões a que estão eventualmente sujeitos.




Tuesday, October 19, 2004

A grande demagogia de Bagão Félix no OGE 2005 é partir do princípio que a economia do país vai crescer 2,5%. Vai é estagnar ou piorar, e ainda pior com a vitória anunciada de George Bush, que agrava a crise do petróleo e aumenta todos os custos.


O Ocidente reprime o Islão e investe na China. Não se percebe porquê, porque a China explora no limite da escravatura a sua população, explora o trabalho infantil, tem armas nucleares, e não é um país democrático. Não se percebe que política é esta.

Os Estados Unidos invadem o Iraque, e favorecem Israel, porque estes países estão mais perto. E tentam invadir o Irão a seguir para depois se dedicarem ao Extremo-Oriente.

O espírito de supremacia do Ocidente: galgar tudo e todos e não respeitar os direitos humanos, é que tem de acabar!

Os ataques dos soldados dos EUA a Falujja são particularmente tenebrosos porque atacam uma população inteira por causa de um suposto terrorista.


Sunday, October 17, 2004

Sanções Comerciais

Excelente o comentário de Vasco Pulido Valente no DN de hoje. Só que não consegui encontrá-lo na edição da internet para o piratear para aqui.
Faz uma crítica cerrada, em poucas palavras e certeira, ao orçamento de Estado para 2005, elaborado por de Bagão Felix, afirmando, por exemplo, que se baseia em 2 pressupostos errados: de que a economia portuguesa vai crescer e a inflação abrandar.

Ora não vai acontecer nem uma coisa nem outra, em grande parte devido aos preços do petróleo, à crise do Iraque e do Médio Oriente, onde acabamos todos por estar envolvidos nesta guerra que os Estados Unidos, a Inlaterra e a Austrália teimam em manter.

Não seria melhor imporem sanções comerciais à China que, essa sim, não respeita os direitos humanos, tem armas nucleares e arregimenta milhões de pessoas em trabalho praticamente escravo, arruinando ao mesmo tempo as indústrias do mundo mais desenvolvido?




Wednesday, October 13, 2004

Agora são os conservadores americanos que falam de novo em quarta guerra mundial e em atacar o Irão, a mãe do moderno terrorismo islâmico. Se Bush ganha teremos enormes problemas a nível mundial!

Sunday, October 10, 2004

Como Santana mente!

Como Santana mente! - Pressões sobre Marcelo? Não dei por nada! - As críticas do Presidente da República são bem vindas! - As críticas de Nobre Guedes são bem vindas! Como todos os bons mentirosos disfarça com uma mão para atacar com a outra!

Um governante de terceira categoria, populista e demagógico. Um presidente da Câmara que deixou Lisboa cheia de buracos! Um playboy provavelmente também de terceira categoria, que devia estar na Quinta das Celebridades em vez de estar a governar o país!

É detrás deste mentiroso, desta sinistra e picaresca figura que os atropeladores do costume (por exemplo o lobby dos autarcas corruptos) cometem todo o tipo de desmandos, e que os vigaristas do costume se sentem autorizados a praticar todo o tipo de negociatas com o Estado!
Eu julgava que Guterres tinha sido um mau primeiro-ministro (e foi) mas, pela primeira vez, aparece alguém que pode ser bem pior!


Marcelo passa à categoria dos melhores da democracia portuguesa, pessoas de todos os partidos e quadrantes.
Já lá estão Medina Carreira, Freitas do Amaral, Silva Lopes, Gonçalo Ribeiro Teles, e tantos outros, que estão vivos e bem vivos, são cada vez mais e ainda hão-de fazer muito por Portugal.


A democracia não é o único valor. Existe também a bondade das pessoas, das famílias e dos povos. Por isso vemos povos menos evoluídos, como os árabes e os palestinianos a resistir com sucesso às democracias inglesa, americana e australiana, assim como dantes as democracias Grega e Romana soçobraram perante as invasões dos bárbaros, mais primitivos mas com maior solidariedade e coesão social interna. Já não falo de Israel porque esse país nunca foi uma democracia.
Embora não defenda o terrorismo, compreendo que povos como os palestinianos, (ou agora os iraquianos invadidos), ignorados por todos, reduzidos à pobreza, espoliados da sua terra, sujeitos a uma morte lenta e a assassinatos selectivos dos seus líderes, sujeitos a muito maior vileza do que a do apartheid, só têm os seus corpos para lutar



A energia eólica em Portugal não arranca. Não será outro lobby, ligado aos combustíveis fósseis e associado agora a Álvaro Barreto?


Expresso de 2004-10-09: Pag 31. António Saraiva faz reviver a necessária questão dos círculos uninominais e da responsabilidade dos deputados perante os seus eleitores. Eu acho que devemos mudar Portugal nos próximos 20 anos, e que estas questões da estrutura e funcionamento do nosso sistema político são indispensáveis e estruturantes.



Página 25, internacional, do Expresso de 2004-10-09: 90 mortos na Faixa de Gaza, na operação Dias de Penitência, contra 1 colono judeu e duas crianças israelitas mortas pelos palestinianos. Segundo o académico judeu Benny Morris, que inspira o Governo, este sempre quis, desde Ben Gurion em 1948, um Estádio judeu sem árabes, tendo sido um erro não ter expulsado toda a população árabe de Israel.

Arnon Soffer, por seu lado, chegou à conclusão que em 2010 a população árabe será superior à judia em Israel mais territórios ocupados, pondo fim ao carácter judeu do Estado de Israel. Para evitar isso pretende retalhar os territórios palestinianos em 3, através de muros tão altos que nem os pássaros consigam passar: Para ele, e para tantos israelitas, é importante que os palestinianos se vão embora, para a Jordânia e algures, como o tinham feito desde o fim da guerra até 1967, deixando toda a região para os israelitas.



Thursday, October 07, 2004

Estamos ompletamente solidários com Marcelo Rebelo de Sousa



Basicamente Medina Carreira critica os governos Guterres, afirmando que a situação económica do país se degradou entre 1995 e 2000. Pretende que isso se corrija e não se repita.
Veja-se também o que ele defende sobre o aumento dos salários dos funcionários públicos.
Afirma que grande parte dos nossos políticos promete coisas sem conhecer as finanças públicas





Wednesday, October 06, 2004

Medina Carreira


Entrevista do Professor Medina Carreira a "A Capital", de 4/10/2004

Entrevista do Professor Medina Carreira a "A Capital", de 4/10/2004: reproduzido do Blog http://grandelojadoqueijolimiano.blogspot.com, e de “A CAPITAL”


· A Capital - No seu estudo «O Estado à deriva», onde faz um diagnóstico à crise financeira que o País atravessa, diz que as contas públicas portuguesas sofreram a maior «deterioração» entre os países da União Europeia a 15 entre 1990 e 2002. Que razões originaram essa situação?
· Henrique Medina Carreira - As despesas do Estado têm subido mais que as receitas fiscais. Isto é, gastou-se sempre muito acima do que se arrecadou. Entre 1990 e 2002, os impostos cobriram pouco mais de metade do aumento das despesas primárias.
· A Capital - A que despesas se refere?
· HMC - Todos os dispêndios feitos com salários, pensões, subsídios, equipamentos, obras, etc., pelas chamadas Administrações Públicas: a Administração Central, a Local e a Segurança Social.
· A Capital - O aumento dos encargos com a chamada «máquina estatal» foi uma das causas que originou a actual crise?
· HMC - O aumento excessivo, sim. Apenas 55 por cento desse aumento das despesas públicas primárias foram financiados pelo acréscimo dos impostos. Caso único na UE/15. Um absurdo de que nenhum outro país se aproximou, sequer.
· A Capital - Não é uma aspiração legítima que os funcionários do Estado tenham salários que lhes permitam fazer face à subida do custo de vida?
· HMC - É uma aspiração muitíssimo legítima. O problema é outro. A fracção da produção anual de riqueza criada pelos portugueses (o Pib), destinada ao “pessoal público”, tem aumentado sempre: 9 por cento em 1980, 11,8 por cento em 1990 e 15 por cento em 2000. Logo, a parte do produto que resta para os outros portugueses tem sempre diminuído, sem qualquer fundamento conhecido. Acresce que Portugal não pode continuar a ser o 17.º país da UE/25 a “produzir” riqueza e o 3.º a pagar ao “pessoal público”. Esta é uma gravíssima questão da nossa despesa pública. Quando se sentencia sobre finanças públicas, sem reparar nestes pequenos pormenores, desconhece-se o argumento inexorável que emerge das realidades e não dos preconceitos.
· A Capital - Defende o congelamento dos salários e pensões do pessoal público, político e administrativo?
· HMC - Defendo o seguinte: aumentos anuais equivalentes à verdadeira taxa de inflação. Portanto, sem perda do poder de compra. Alteração deste regime logo que o peso dos “salários públicos” atinja a média da UE/15, na ordem dos 12 por cento do produto (15% em 2000). Mesmo assim, o “pessoal público” ficaria com várias outras vantagens, de que ninguém fala e que importa não esquecer.
· A Capital - Se o sistema de pensões do pessoal público, político e administrativo tem um peso tão grande nas Contas do Estado, como inverter essa situação?
· HMC - Modificando os critérios políticos fixados na lei, nos bons e velhos tempos. Alguém percebe e aceita que a pensão mensal média do “pessoal público” fosse de 877 euros em 2000 e aumentasse em termos reais 7,5% cada ano, enquanto a da Segurança Social era de 205 euros e crescia à taxa de 2,8%? Por vezes, os que recebem a primeira pensão reclamam mais “justiça social”, mas distraidamente não revelam a verdade sobre a Caixa de Aposentações aos que auferem a segunda pensão, paga pela Segurança Social. Começa-se a fazer “justiça social”, desde logo, a favor dos da casa pública, e fala-se depois alto para que ninguém perceba o que se passa. Um Estado e dois sistemas.
· A Capital - Na sua perspectiva, a grandeza numérica dos que estão dependentes do Estado cria maiores desigualdades sociais?
· HMC - Era diferente quando o Estado tinha 100 mil pensionistas. Agora, tem mais de três milhões, além dos 780 mil funcionários públicos. As crises financeiras do Estado comportam hoje riscos e consequências sociais preocupantes. Não percebo a tranquilidade dos mais responsáveis.
· A Capital - Para mudar este estado de coisas nas finanças públicas é necessário mexer em todas as áreas do sector estatal?
· HMC - Em algumas áreas é essencial. Porém, sem antes encontrar as causas profundas do “desastre” orçamental a que chegámos, não haverá soluções estabilizáveis para o problema, nem as forças políticas podem realizar qualquer acordo sério de regime sobre as contas públicas. Acho surpreendente que se tenha fugido à elaboração de um estudo, por quem sabe e é fiável, tendente a esclarecer, definitivamente, a nossa situação. Porque “pensar” em finanças públicas apenas com base em opiniões e sem contas conhecidas e detalhadas, já nem na minha terra!
· A Capital - Desde que ano está a economia portuguesa em queda?
· HMC - A economia portuguesa está em desaceleração constante desde o início de 1999. Há quase cinco anos. Não foi certamente por acaso que o engenheiro António Guterres abandonou o Governo em 2001. Já não sabia o que fazer para inflectir a tendência. Em meados dos noventa os juros começaram a caír e, nessa altura, as pessoas puderam comprar casas, automóveis, electrodomésticos... Com um grande entusiasmo despesista, a economia cresceu 4 por cento, durante quatro anos. Quando, em 1999, já não havia capacidade de endividamento a fúria consumista caiu. E a economia desacelerou. Se hoje se repetisse o fenómeno dos juros e do consumo público, repetir-se-ia a queda iniciada em 1999.
· A Capital - O problema do endividamento acabou depois por ter reflexos na saúde da economia do País...
· HMC - O País continua com os agentes económicos endividados. O consumo baixou, o investimento também, e a economia não cresce.
· A Capital - Quando no «Estado à deriva» o senhor diz que houve um «disfarce» dos compromissos estatais à custa da «diminuição do peso dos encargos com juros», a que está a referir-se?
· HMC - O Estado pede dinheiro emprestado e fica a dever aos credores. Como qualquer devedor, terá de pagar os juros. Convém então não produzir défices excessivos, que vão gerar crescentes encargos financeiros no futuro. E porque o “envelhecimento demográfico” é já um inevitável pesadelo financeiro, é essencial evitar os défices altos e o crescimento da dívida pública. Uma das razões, fundamentadas, de Manuela Ferreira Leite.
· A Capital - De que forma permitiu essa medida «disfarçar» o agravamento de outros compromissos financeiros do Estado?
· HMC - Os encargos com os juros baixaram muito na segunda metade dos anos noventa, como todos sabemos. Isso possibilitou também uma grande redução das despesas públicas com os juros, “poupança” que foi aproveitada para gastar de outro modo. Assim se “disfarçou” a irresponsável assunção de diversos outros compromissos públicos e se perdeu uma oportunidade única para diminuir drasticamente o défice. Quando os juros deixaram de baixar, as consequências ficaram claras e estão à vista. Só alguns, com teimosia e irresponsabilidade, não quiseram ainda perceber o essencial do que ocorreu e a origem de muitas das dificuldades de agora, com raízes nos anos noventa.
· A Capital - Mas todo este problema resulta também da globalização da economia e do facto de hoje estarmos muito dependentes do exterior. Como é que exemplificaria essa situação?
· HMC - Antigamente, quando o Estado gastava mais 100 contos, uma grande parte desse valor era utilizado em consumo de bens produzidos pelas nossas empresas. Assim se faziam mais sapatos, se produziam mais hortaliças, se pescava mais, se construía mais ... e o dispêndio ficava cá dentro. Hoje, quando há mais 1000 euros a circular, as pessoas vão comprar alimentos que vêm de Espanha, automóveis que vêm da Alemanha ou de França, televisores que vêm da China, laranjas que vêm de Israel... Como exportamos pouco e importamos muito, ao fim de poucos anos o País fica estrangulado com os nossos gastos. Por isso, as políticas que apostam na resolução do crescimento português com a despesa pública e a procura interna vão, mais tarde ou mais cedo, esbarrar no desequilíbrio da balança externa.
· A Capital - Problema que se agrava porque a economia mundial também não está em grande forma.
· HMC - E não é fácil inverter esta tendência. A economia alemã estagna, a francesa está pouco menos que mal. A França e a Alemanha são os dois grandes «motores» da Europa. Em conjunto, representam quase metade da economia da União Europeia a 15. Enquanto não houver aí uma viragem, vamos ter os efeitos negativos da condicionante externa. Durante anos, vamos viver com uma economia débil. Os responsáveis, em vez de dizerem isto e explicarem porquê, procuram convencer exactamente do contrário. Deste modo, os portugueses nunca estarão preparados para enfrentar as pesadas e demoradas consequências do nosso atraso.
· A Capital - Mas quando é que vai ser possível sair da actual crise?
· HMC - Alguma coisa melhorará em função da economia internacional. Mas restará sempre o nosso atraso relativo, cada vez maior no contexto europeu. Se não mudarmos muita coisa e depressa, ficaremos a estagnar porque, passada a má conjuntura, restará ainda a nossa incapacidade, que é estrutural.
· A Capital - Vamos ter «O Estado à deriva» eternamente?
· HMC - Não há problemas insolúveis. Mas, quanto mais tempo demorar a sua resolução, piores os danos produzidos. Finalmente, parece que o Ministro das Finanças vai nomear um grupo de técnicos qualificados, para fazer a projecção, para a próxima década, das contas públicas portuguesas. Li isso num jornal. É preciso conhecer bem a realidade portuguesa para, com rigor, aplicar as soluções. Com efeito, só a partir daí cada força partidária terá as bases indispensáveis e toda a legitimidade para fazer a sua proposta política com vista à resolução dos problemas.
· A Capital - Fala-se muito num possível pacto de regime, a estabelecer entre os partidos, que permita congregar esforços na solução dos problemas do País. Isso seria desejável?
· HMC - O Governo e as forças que o apoiam pensam que a boa fórmula consiste em contrair as despesas públicas e em não deixar que continuem a crescer de forma desmesurada. Mas o PS parece que pensa o contrário, que é necessário gastar mais, investir mais e ter défices superiores a 5 por cento. Assim, não é possível colocar estas duas forças de acordo, porque não partem de um exame objectivo e inequívoco da nossa realidade e das suas pesadas condicionantes. É inútil propor pactos de regime, assentes na ignorância fáctica actual.
· A Capital - O ministro das Finanças faz bem em cortar determinados benefícios fiscais do IRS, como os PPR?
· HMC - Há muitos anos que estes benefícios, e outros, se não justificam. Não se busca o aforro, apenas o ganho fiscal. É a classe média alta que dispõe de meios para beneficiar com os PP’s. A restante, não. O que vamos escutando vem quase sempre dos que perdem dinheiro e dos que fazem oposição por vício. Agora defende-se a classe média alta!
· A Capital - É ou não verdade que será a classe média, uma vez mais, a ser penalizada?
· HMC - É, mas a média alta. Peçam estatísticas ao Ministério das Finanças e perceberão o que se passa.
· A Capital - Que opinião tem do actual Governo de Pedro Santana Lopes?
· HMC - Só tem dois meses e no Verão. Desde já, porém, há aspectos que se evidenciam: é muito desigual, em qualidade. Revela uma completa descoordenação. Pensa ainda que é melhor “comunicar” do que “governar”. O primeiro-ministro que, pelo seu estatuto, raramente deveria falar, intervém com excessiva frequência. Depois, esclarece, rectifica e corrige. A comunicação social anda entusiasmada, porque ele produz notícias. A sociedade desconfia e está inquieta. Se o chefe do Governo persistir não surpreenderá que a legislatura seja abreviada. E o PS já tem um secretário-geral eleito, o que não acontecia há três meses.
· A Capital - E que expectativas tem relativamente ao engenheiro Sócrates, o novo secretário-geral do PS?
· HMC - Era urgente e indispensável que o PS escolhesse uma outra e melhor direcção. Mas se José Sócrates não começar por entender bem o decadente estado do País, as razões profundas da situação, os equívocos económicos e financeiros de 1995/2002, os actuais limites do poder público face às economias abertas, a efectiva ausência de reais competências dos Governos europeus, receio a hipótese de uma nova legislatura curta e fracassada. Os portugueses pensam que são o que não são e é urgente que alguém responsável lhes diga isso mesmo. E o socialismo democrático é particularmente apto para “redistribuir”, mas movimenta-se muito mal numa economia que cresce 1 ou 1,5 por cento. Se José Sócrates meditar muito sobre isto, e tirar as consequências adequadas, poderá resistir melhor. Se pensar no regresso à “receita” e aos excessos de 1995/2002, irá, provavelmente, ter uma decepção. Ao contrário do que se possa pensar, o nosso problema não é o PEC, nem a “pouca” (!) despesa pública (47% do Pib), nem o “pequeno” (!) défice de 5 por cento. É outro e muito mais sério.
· A Capital - Se o engenheiro Sócrates chegar a primeiro-ministro também prevê que o seu governo não seja duradouro?
· HMC - Qualquer pessoa que hoje em dia chefie um Governo em Portugal, sem assentar as suas políticas no conhecimento competente e rigoroso da realidade, vai falhar. Não foi por acaso que Guterres saiu. Não foi por acaso que Barroso saiu. Não será por acaso se o actual Primeiro-Ministro sair mesmo antes de 2006. Nem será por acaso se, com o seguinte, suceder o mesmo. “Redistribuir” sem “produzir” é coisa de que só nós nos lembramos.
· A Capital - Por que razão sucede isso?
· HMC - Como dizem os espanhóis, porque vêm com “ganas” de mostrar trabalho e “dar” a todos dinheiro que não existe. A realidade não o consente. Exagera-se e foge-se depois. Tudo porque quando vão governar não têm um conhecimento seguro das realidades. Prometem antes ... e assustam-se depois.


Com os fundos da União Europeia gastou-se muito dinheiro em edifícios sumptuosos e de conservação cara, a exigir pessoal e programas, em vez de se fazer saneamento básico, estradas, eliminação de passagens de nível, conservação de imóveis degradados, investimento estruturante.


O caso ELF - Pierre Falcone mostra bem que as democracias europeias e americana preferem lidar com ditaduras no terceiro mundo do que com outras democracias, em igualdade de circunstâncias.Foi o próprio governo francês que pagou a caução que a justiça francesa lhe tinha imposto.


Com o aumento do desemprego e o abrandamento do ciclo económico, Portugal está cada vez mais a ser uma ilha Santanista, ou Satânica, rodeada de miséria por todos os lados. Aproxima-se do 3º mundo, com as suas ofertas de trabalho muito limitadas.O governo perdeu a classe, e cada vez mais parece um bando de sátrapas a reinar sobre um país miserável!


Desafio turco à União Europeia: a democracia não é um apanágio das nações cristãs, e há outros valores, como, por exemplo, a bondade. Esses valores levam, por vezes, sociedades menos evoluídas a vencerem sobre outras mais sofisticadas.


Portugal não pode continuara a ser o 17º país da EU/25 a produzir riqueza e o 3º a pagar ao pessoal público. Esta é uma gravíssima questão da nossa despesa pública. Medina Carreira. A Capital. 2004-10-04.
 
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