Wednesday, August 24, 2011

Ericeira, 2011-08-24.

Celebrar o fim do dia com uma bebida,

o fim das férias,
o ocaso da vida
vivida com teimosia a cada momento;
celebrar com amêijoas,
lapas dos Açores, langueirão e ostras
comidas no César, na Ericeira,
que não é só simpatia. É mais do que isso.
Enquanto leio o Planisfério Pessoal, de Gonçalo Cadilhe,
Celebro e aproximação da terceira idade.

Ao longe, o pôr do sol
desenha novos continentes à vista.
A noite deixa tudo frio,
que viagens novas ainda poderei fazer?
Celebrar a última parte da vida
e  o fim da noite,
que deixa tudo frio,
enquanto me telefona o Hugo
da Maré Náutica, do barco.

Sempre me preocupei
Com a beleza pelágica do Oceano
e com tudo o que há debaixo de água:
a baleia, o peixe serra, a lula gigante
peixes do alto mar que não são daqui
e que navegam imperturbáveis no escuro e no frio.

Sempre fui um desportista do nada,
um turista do tudo
que não dá mais do que os primeiros passos
e começa cada coisa como se fosse a primeira

Agora que, depois do ocaso,
um sudário escuro cobre o horizonte,
e os mexilhões tiritam de frio
agarrados à pedra áspera
enquanto areia e água lhes passam pelas guelras

Agora a Ericeira é uma terra improvável,
mais bonita quando o norte sopra
terra de pescadores de camisola de lã
de veraneantes com a barba à Jaime Cortesão
amantes dela para a vida inteira
e de surfistas que desenham riscos em ondas impossíveis

Amanhã vou-me embora desta terra encantada,
quente e fria, primeiro resplandecente
e agora mais escura desde que o sol se pôs
enquanto, sem dormir
por baixo do mar escuro que se estende à minha frente
os Leviatans negros do ocidente
senhores da sombra e do silêncio,
do negro e do frio,
mergulham a profundidades descomunais
imperturbáveis
na sua lógica misteriosa

Saturday, August 20, 2011

Dilma Roussef, Tunísia, crise e vida conjugal



  • Dilma Roussef tem-se mostrado uma mulher de coragem, porque demite poderosos ministros que têm enveredado pela corrupção. Não consegue, no entanto, evitar o desmatamento da Amazónia mas, também aí, não está apoiada pelos grandes governos internacionais.

  • Há povos heroicos na Tunísia, no Egito e na Líbia, mas o mais heroico de todos parece ser o da Síria, completamente desarmado e esquecido por todo o mundo, que conduz a mais obstinada guerra contra o pior dos ditadores. Merece bem vencer!

  • Esta enorme crise universal pode estar a preparar o ressurgimento de seres humanos mais solidários, mais ativos e voluntariosos, e que gastam muito menos energia do que os atuais.

  • A vida conjugal é mais criativa e complexa do que a vida dos solteiros, salvo, é claro, exceções.  O encanto e a sexualidade conduzem à vida vivida em casais o mais estáveis e felizes possível, com fruição de alegria, prazer e o menor dos sobressaltos possível, onde se geram filhos e se prepara o futuro da humanidade. Então porque não se celebra este tipo de vivências,  a sexualidade masculina e feminina, o amor, em vez de nos deixarmos tutelar por um grupo de homens celibatários, incapazes de vida sexual adulta?

Monday, August 08, 2011

Agora, que tenho mais tempo livre, respigo melhor os comentários da imprensa.


O editorial do Público de 2011-08-08 acentua o problema da crise da dívida pública americana, devido a:

  • Diminuição dos impostos sobre os ricos desde 1970, que etm impossibilitado financiar o Estado e pagar as suas despesas,
  • Guerras do Iraque e do Afeganistão, incongruentes, paranoicas, um descalabro para a reputação dos Estados Unidos no Médio Oriente e que deixam de lado as verdadeiras hipóteses de ajuda (Líbia, Síria).
  • Dinheiro gasto para evitar o descalabro financeiro na sequência da falência do Lehmann Brothers (como aconteceu a Portugal no BPN).

Loureiro dos Santos, nesse mesmo jornal, diz que Ângela Merkel não é nenhuma saloia mas que prepara o domínio da Alemanha (de novo e agora por via pacífica) sobre toda a Europa. Só posso dar-lhe razão


Aproximam-se os 100 dias deste governo :


e nada: medidas tímidas, avulsas, contraditórias.  Tudo contra o povo e nada contra o grande capital. O caso BPN para Mira Amaral e a nova gesta da Caixa falam mais alto que todas as apregoadas boas intenções.

Para governar é preciso sair do circo político e do circo mediático.


É preciso governar de maneira diferente, com contactos permanentes com ricos e pobres, e auditorias permanentes.
As revoluções fazem-se a partir de pequenas coisas, e não com grandes ideias de fundo que nascem do nada. A actual revolta do mundo árabe nasceu com o suicídio de um jovem licenciado da Tunísia que foi impedido de vender fruta com a sua tenda ambulante.
 
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