Monday, September 29, 2008

Pergunta-se porque é que o dinheiro injectado em Portugal pela União Europeia não ajudou o país.

A explicação está nos pormenoress e é muito mais complexa do que uma auditoria poderá provavelmente investigar.

O que se passa, entre outras coisas, é que as instituições ajudadas não são democráticas. Por exemplo os dirigentes não são escolhidos por concurso mas por critérios políticos, devem primeiro que tudo fidelidade ao partido que os escolheu e não ao desenvolvimento da sua empresa.

Wednesday, September 24, 2008



Os Estados Unidos criaram dois cordões sanitários: um à volta do Médio Oriente e outro à volta da Rússia e agora queixam-se que os russos é que são agressivos.

O cordão sanitário do Médio Oriente envolve países ajudados e formatados especificamente para serem polícias dos vizinhos, como Israel.
Países cuja política domina completamente, como o Arábia Saudita, os Emiratos, o Dubai, etc.
Países que destruiu com a ajuda de Israel, como a actual Palestina.
Países que invadiu, como o Iraque e o Afeganistão.
Países que pretende controlar com a CIA, como o Paquistão, ou com a diplomaCIA, como a Síria e a Líbia.
Países que ameaça, como o Irão.
A teorias do fundamentalismo são petrolíferas. O país mais fundamentalista de todos (Arábia Saudita) é o mais fiel aliado dos Estados Unidos.

O cerco dos árabes é, também, e talvez sobretudo, o cerco do petróleo.

O cordão sanitário à volta da Rússia envolve a Polónia, a Checoslováquia, a Hungria e a Geórgia.

Alguns destes países fazem muito bem em procurar sair da tutela da Rússia anti-democrática, e os países árabes têm, evidentemente, muitos defeitos, mas esta é uma maneira totalmente incorrecta de relação com eles. Para qualquer miúdo da rua de um qualquer desses países um bom americano é um americano morto. E isto porque sentem na carne o seu domínio e as suas más acções e não meramente por propaganda.




Sunday, September 14, 2008


Manet. Déjeuner sur l'herbe. Salão dos recusados. Paris 1863



É uma cena misteriosa, ambígua e bela: uma mulher nua, bonita mas sem fazer valer a sua sensualidade, entre dois amigos, conversando, nada inferiorizada face a nenhum deles, e olhando de frente para o espectador.
O que isto significa? Uma mulher a provocar a sociedade parisiense do seu tempo?

Este quadro é tão avançado para a época que foi banido da exposição de Paris, como outras das melhores obras de arte do seu tempo


Desta vez consegui o texto de Vasco Pulido Valente na íntegra, saído no Público de ontem, no Blogue “O Jumento”.
Devido à acutilância, clareza de raciocínio e avisos sérios que faz, espero que o leiam. Os sublinhados são meus.

UM AVISO


«Essa grande cabeça e querido amigo do dr. Mário Soares, Hugo Chávez, ditador da Venezuela, aceitou fazer um exercício militar conjunto com a Federação Russa. A Federação Russa contribui com dois bombardeiros de longo alcance e com uma força naval. Nem os bombardeiros, nem a força naval terão, por agora, armas nucleares. Mas nada impede que as venham a ter. Na televisão, Chávez, com a sua profunda falta de senso, estava excitadíssimo. "Isto é mau" para a América, dizia ele, "Yes!". E dava murros de alegria na mesa. Prometeu também pilotar pessoalmente um dos "monstros" que Putin lhe emprestara e voar baixo sobre a casa de Fidel de Castro, a título de homenagem. Já andava a aprender no "simulador", para gozo e consolo dos revolucionários da América Latina.Claro que não recomeçou a "guerra fria". Putin declarou (segunda-feira?) que a Rússia não se pretendia "expandir" e que não existiam razões de "animosidade". A Rússia aproveitou simplesmente a proverbial insensatez de Chávez para demonstrar à América que podia criar complicações no Atlântico com tanta facilidade como a América cria complicações no mar Negro. E que se a Rússia era vulnerável, a América não o era menos. Bush e a direita do Partido Republicano com certeza que não perceberam o aviso. Nas poucas semanas que lhe restam antes de ir para casa, em Janeiro de 2009, Bush ainda é bem capaz de rebentar com o mundo. Esperemos que Obama, McCain e os militares não o deixem à solta. E que Putin por enquanto o aguente com paciência.
Para a Rússia, o pior não foi o colapso da URSS, a derrota do comunismo (em que muito pouca gente acreditava), o caos da economia ou mesmo a pilhagem do Estado por umas centenas de cleptocratas, que hoje se passeiam a salvo por aí. O pior foi a humilhação nacional, a arrogância com que o Ocidente tratou o império e se ingeriu durante anos na sua política interna. Putin acabou com isso e o seu sucesso vem, no essencial, da força e da dignidade que ele conseguiu devolver à Rússia. O que significa que nunca permitirá que a NATO estabeleça um "cordão sanitário" do Báltico ao mar Negro, ao longo das fronteiras da Rússia. Para Putin e Medvedev, as loucas viagens da sra. Rice e do sr. Cheney são puras provocações. É preciso que a América compreenda rapidamente esta verdade básica.»

Saturday, September 06, 2008


A Convenção Republicana

A Candidatura republicana finalmente esclareceu-se.

Diz Vasco Pulido Valente, no Público de sexta feira:

"A Convenção do Partido Republicano foi, politicamente, um espectáculo de horror. Primeiro, pelo nacionalismo. Durante horas o Congresso berrou “U-S-A!”, “U-S-A!”, com um fervor histérico, que não lembrava, e não anuncia, nada de bom. A América é o melhor país que se criou na Terra (o planeta) o mais forte, o mais rico, o mais livre. E é também o farol e a esperança da humanidade: a cidade perfeita no cimo da montanha.
... Um nacionalismo desta espécie, xenófobo e fanático, leva naturalmente ao militarismo. Entre alguma parlapatice sem consequência, a Convenção Republicana não passou de uma cerimónia militar.
... "E várias criaturas com responsabilidades (Giuliani, por exemplo, e a própria Palin) declararam a vitória [no Iraque] iminente - a vitória, reparem bem - sem qualquer restrição ou dúvida.
Com o nacionalismo e militarismo, veio naturalmente a apologia da agressividade e da dureza. McCain é o duro por excelência. ... E a América, segundo a Convenção, precisa de continuar na ofensiva. E não se tome isto por retórica de campanha. McCain já avisou a Rússia: “Nós somos todos georgianos”, para que ninguém julgasse que ele, Presidente, - abandonaria o Cáucaso. A Convenção Republicana - branca, velha e, apesar de Palin, masculina - é um bunker, com espírito de bunker. Se McCain ganhar, as coisas ficam fatalmente feias."

Esta Sarah Palin é o que existe de mais histérico, agressivo, perigoso e desconjuntado. É uma permanente fuga para a frente de chinelo, de agressividade, defesa das armas, defesa da caça, contra o planeamento familiar, anti-ecológica, grosseira e inculta. Em resumo, o que há de pior. É esta mulher que irá substituir McCain se alguma doença grave ou fatalidade lhe acontecer.

MaCain, que não viu muitas das suas ideias mais liberais passarem nesta Convenção, arrisca-se a ficar prisioneiro desta direita primária e arruaceira. Uma espécie de velho tonto, de ícone inofensivo nas mãos desta gente perigosa e fundamentalista.

Tuesday, September 02, 2008

O Voto de Bush

Hoje o Público trazia uma notícia inquietante sobre um possível ataque aéreo dos Estados Unidos às supostas instalações nucleares do Irão, nas próximas semanas.

Se assim for, este será o voto de Bush para as próximas eelições, um voto de destruição macissa, a condicionar à falsa fé as opções políticas do seu sucessor na Casa Branca. Bush julga que deve mais fidelidade ao conceito que ele tem de Deus e dos seus desígnios do que aos americanos que o elegeram. Julga-se escolhido por Deus em vez de eleito pelos americanos.

É necessária muita vigilância e reacção popular para que isto não aconteça. Deixemos a questão do Irão para ser resolvida pela via negocial pelo próximo presidente dos Estados Unidos.

Monday, September 01, 2008



LEITURAS DE FÉRIAS: Gomorra, de Roberto Saviano

Roberto Saviano, o autor de “Gomorra”, best-seller internacional, nasceu em 1979, tendo agora 28 ou 29 anos.

Teve a sorte de ter um pai que lhe transmitiu coragem e amor pelas pessoas. Motorista de ambulância, uma vez recusou-se a deixar abandonado um rapaz ferido pela Gomorra, tendo sido gravemente espancado e obrigado a mudar de país. Roberto, depois de ter escrito este livro, teve de recorrer a protecção policial, que, provavelmente, ainda perdura.

A Gomorra é a obsessão de Saviano, que pratica um estilo de observação em que se mete dentro das situações para melhor as compreender. Por exemplo, fez-se empregado de um chinês no Porto de Nápoles, tendo participado marginalmente em acções de contrabando; fez-se operário da construção civil; visitou lixeiras; assistiu em primeira mão a crimes; interceptou comunicações da polícia; viajou por todos os locais de acção da Camorra, na região de Nápoles, em Roma, na Escócia; acompanhou de perto as suas acções legais e ilegais, entre tantas outras coisas, para compreender melhor as condições de vida e de trabalho destas pessoas e as histórias e práticas da Camorra

Parecido, em Portugal, só conheço o psicólogo Luís Fernandes, (cujas ideias sobre a liberalização das drogas não compartilho), mas que foi viver para o Bairro do Aleixo, no Porto, para escrever a sua tese sobre drogas.

Ao mesmo tempo que pratica esta observação participante e activa, Saviano faz uma viagem interior de que também nos documenta.

Saviano divulgou para todos os leitores que agora se vende cocaína de uma forma liberalizada.

A Camorra (de que temos associações semelhantes, mais ou menos desenvolvidas, e modos de pensar semelhantes) em todo o mundo, pratica o liberalismo mais desenfreado e defende 3 conceitos: negócio (seja do que for e sem regras); lucro e competição.

Calar a boca aqui não é tão simples como a Omertá siciliana. É mais “este problema não é meu” “it’s not my business”. Só sou responsável pelo que faço, e não pelo uso que as outras pessoas dão àquilo que eu faço. Um traficante de droga julga não ser responsável pelo uso que os outros fazem da droga que ele vende.

Passa-se o mesmo com a observação silenciosa que muitos alemães contemporâneos de Hitler praticavam em relação àquilo que ele fazia: não olhavam, não investigavam, não denunciavam, fechavam os olhos. It’s not my business.

Isto acontece ainda com muita gente perante qualquer situação de constrangimento ou violência. Afastam-se para não presenciar mais nem discutir mais o assunto, o que, de certo modo é legítimo. O pior é quando a violência vem ter com eles, os assalta e os invade, como aconteceu no país Basco com a ETA, e na região de Nápoles com a Gomorra. Aqui não é possível fugir e são raros aqueles que têm a coragem de denunciar o que vêem, como o Padre Dom Pepino Diana, o autarca António Nugnes, que pagaram com a vida as suas denúncias, e agora Roberto Saviano.

Um livro de leitura obrigatória para que quer saber mais sobre poder e corrupção.
 
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