Tuesday, September 25, 2007

Ciência e saberes tradicionais

A ciência moderna comporta-se, de modo geral, com a maior sobranceria e desrespeito face aos saberes tradicionais, precisamente aqueles que permitiram à humanidade evoluir desde os tempos primitivos até agora. Ele é ver os psicólogos encartados a destruir o que existe de melhor nas normas educativas de qualquer sociedade com slogans do género de inventem-se novos pais, e a preparar as sociedades para destruir em 50 anos aquilo que demorou séculos a construir. Ainda não se aperceberam de toda a realidade e já estão a preparar-se para liquidá-la.

Claro que é preciso destruir o que está mal mas, de caminho, vão imensas normas de sobrevivência e de progresso insubstituíveis e adequadas.

Mesmo quando vai buscar sabedoria aos saberes tradicionais a ciência moderna comporta-se com o uma espécie de bandido que rouba e não deixa rasto.

Esta destruição da ecologia humana equivale à destruição do ambiente, de habitats e de espécies animais.

Travessia do Chança




Os segredos do Chança, como visitá-lo, como atravessá-lo. Entrada livre.

Para Steve Fosset

O que é que transforma as pessoas? Uma psicoterapia, um filme, ler um livro; uma viagem? Há viagens iniciáticas que verdadeiramente transformam as pessoas. Por exemplo ritos de passagem para a idade adulta, para a descoberta do totem. Para morrer, no fim, da vida, quando as pessoas já não podiam acompanhar a tribo.

Respeitar os rituais de centenas de milhar de anos, que permitiram aos seres humanos e à sua civilização chegar aonde estão agora.

Só compreenderei o significado desta viagem depois de a ter realizado. Só a morte é uma viagem que não acaba, sem fim e sem retorno. As outras viagens têm um fim mas também têm um ponto de não retorno.

O Chança, o rio das águas verdes, com quase todos os acessos vedados. É tão difícil chegar a este rio que o Chança é outra realidade, outra natureza, quase outro país.

O Chança é um rio maldito, desprezado, ignorado e odiado. Só foi utilizado pelos contrabandistas.

O Grande Canyon, talvez a zona mais selvagem de Portugal. E, no entanto, bem poluído por suiniculturas, extracção de areia e outras coisas.

Sobre andar sozinho, as opiniões dividem-se. Muita gente não anda, precisamente porque lhes dizem que não devem andar sozinhos.
Sobre este assunto ver no Google, “walking alone”.
A reacção das pessoas: É perigoso, não vás, excepto o Morais que se ofereceu para ir comigo. Ele que foi o melhor caçador de Mértola, e não perde um detalhe da observação da natureza.

Saí no dia 27 de Agosto, às 9:45, de Moinhos de Cima, perto de Nossa Senhora das Pazes. Bonito nome, a fazer lembrar as constantes querras e escaramuças com Espanha.

O Moinho da Volta e o meloal, na 1ª curva do Chança.

Às 16:50 estou a 600 m do moinho do Crespo. Entrei literalmente dentro do Chança para evitar as margens. Estou molhado até ao pescoço. Alivia o calor.

Imagino que posso ter uma doença súbita, neste espaço sem possibilidade de contactar ninguém, e inquieto-me. No dia seguinte resolvo entregar esta possibilidade ao meu Poder Superior, tal como eu o concebo, e a inquietação passou. A verdade é que nem tive o menor sinal de aflição ou doença.

Encontrei várias ovelhas e cabras vivas e sem rebanho. Todas contentes, a comer e a fazer companhia umas às outras. O sonho de qualquer ovelha é precisamente o Chança, porque significa escapar à morte certa e trocá-la por uma vida de aventuras. Encontrei também vários destes animais mortos e em decomposição, o que proporciona um cenário dramático a isto tudo.

Terça feira dia 28 de Agosto, 8:50, estou no Crespo e devo sair por volta das 10 horas. Devido à entrada da ribeira de Calaboza o Chança ficou mais grosso, com mais água e deve ser mais difícil passar a vau. A minha esperança é que não hajam mais ribanceiras. Não deve ser possível despachar-me mais cedo. Demoro 10 minutos a calçar umas botas, muito tempo a aquecer a comida liofilizada. Se perco qualquer dos meus haveres pode ser grave.

Dia 28 de Agosto partida do Crespo às 10:26. É o segundo cadáver de ovelha que eu vejo (ao todo foram cerca de 5). Já vi várias cabras perdidas também.

De meia em meia hora, devido ao calor, tenho de parar para descansar e beber água. As sombras às vezes são raras. Num caso tive de descer muito para me abrigar num barranco. Penso: se me acontece alguma coisa ninguém me descobre aqui.

10:44. Não, não é o barulho de um carro. É uma perdiz a levantar voo. Aliás várias.

Dia 28 de Agosto dormi em Paymogo e dia 29 às 13 cheguei à Volta Falsa.

Afinal tive poucas ideias: Os meus totens: O lince, que algumas pessoas desta região afirmaram ter avistado, e a sorte.

Monday, September 24, 2007

Sunday, September 23, 2007

Pausa na política




A guerra dos Estados Unidos contra o Irão parece-me inevitável e o resultado imprevisível. Pensa Bush que iria proteger a retirada das tropas dos Estados Unidos do Iraque, na medida em que iria diminuir a influência Xiita na região. Mas Bush irá certamente enganar-se mais uma vez, porque irá defrontar um país aguerrido e disciplinado, que teve tempo de escavar túneis e de preparar a defesa. Se o fizer será um novo fiasco como foi a guerra de Israel contra o Hezzbollah. Como os Estados Unidos não gostam de fiascos poderiam ter a tentação de um envolvimento cada vez maior na região, que poderia terminar num conflito generalizado ou mesmo nuclear de dimensões catastróficas.

Muitos estadistas e analistas europeus e ocidentais não vêem esse perigo e põem-se perigosamente numa neutralidade de facto anti-islamista (como com essa patetice das caricaturas, que demonstram a supremacia da nossa civilização) ou ao lado dos Estados Unidos. Sarkozy parece ser um deles. Vasco Pulido Valente, lúcido e inteligente, mostra aqui o seu pessimismo e a sua costela de direita, ao chamar ao Islão uma civilização falhada. Falhada em quê e aonde? Na Indonésia? Na Índia? Em Marrocos? Na Turquia? Pobre Vasco, como se engana! Esta guerra, se for começada será mais um passo no declínio da liderança mundial dos Estado Unidos e da Europa. Do mundo dito ocidental.

Parece que cada guerra deixa o germe da seguinte: A criação do Estado Sionista em terra Palestina, a seguir à segunda Guerra Mundial, na esteira do arrependimento dos massacres de Judeus feitos pelos Nazis, pode preparar, qual ovo de serpente, o eclodir da terceira. O cinismo dos estadistas e analistas europeus ajuda isso.


Wednesday, September 19, 2007


Ruínas no sítio chamado Crespo, no Chança. Beleza e abandono

Tuesday, September 18, 2007

A visita de Sarkozy, de Sócrates e de outros líderes europeus a Bush, e as recentes declarações de Kouchner, destinam-se a sancionar um ataque ao Irão por parte dos americanos? Parece bem que sim

Sunday, September 09, 2007

A progressiva implantação de movimentos islâmicos na Turquia, em Marrocos, é um bom sinal, porque não se identificam com o terrorismo nem com a Al-Qaeda, não se poderão chamar de radicais ou fundamentalistas e são genuínos, nacionais, eleitos democraticamente e uma alternativa séria:
Aos regimes corruptos da Arábia, do Egipto, do Paquistão, que alinham totalmente com a Europa e com os Estados Unidos
E aos diferentes nacionalismos árabes.

Saturday, September 08, 2007

A localização do novo aeroporto na Ota é uma solução de há 20 ou 30 anos. A sua distância de Lisboa implica gasolina barata, e que não acaba. Pressupõe também que as cidades do interior estivessem mais desenvolvidas, o que, infelizmente, não se verifica.



Oprah e Barack Obama: duas faces de uma nova América. Este último parece ser menos político que Hillary Clinton. E, provavelmente mais sincero e mais sinceramente de esquerda.

A população dos Estados Unidos deve votar nele.
 
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