Sunday, April 08, 2012

Uma palavra de solidariedade com Baltazar Garzón

Quando uma pessoa é atacada como Baltazar Garzón trata-se do triunfo temporário da força bruta sobre o direito.
Logo aparecem os cínicos de todos os quadrantes a reclamar alguma razão neste silenciamento abrupto.
Poucos têm a coragem de afirmar que estão do seu lado.
Para Baltazar será certamente a altura de fazer uma dolorosa introspecção interior: - será que eu errei, será que algum dos que me acusam têm razão, escrita numa dissecção de todas as fibras da sua personalidade, esticadas até fazer sangue.
Novos dias virão, Baltazar, herói nacional e mundial, porque contribuíste para derrubar a memória da besta Franquista, e para restaurar a Hispanidade, com as armas da virtude, da democracia e da justiça.
Contribuíste decisivamente para o aumento da democracia em Espanha e no mundo.
Iniciaste um movimento que não poderá ser mais silenciado.



Thursday, April 05, 2012

O que deve ser dito. De Gunter Grass

Retirado de http://brasil247.com/pt/247/cultura/51976/É-proibido-criticar-Israel.htm.

É claro que concordo inteiramente





Na geopolítica internacional, há hoje uma grande questão: Israel vai ou não atacar as instalações nucleares do Irã? Isso já foi feito em 1981 contra o Iraque e pode ser repetir agora. Esse tipo de ação, conhecido como ataque preventivo, foi também o que inspirou a desastrosa ação militar dos Estados Unidos no Iraque. Como forma de protesto, o escritor alemão Günter Grass, prêmio Nobel de Literatura, publicou ontem um poema, no qual critica a possível ação militar de Israel, antes “que seja tarde demais”. Como era previsível, ele já vem sendo classificado como nazista.

Leia, abaixo, o poema de Günter Grass:

O que deve ser dito

Por que me calo, calo por tempo demais
Sobre o que é clarividente e foi ensaiado
em planos, em cujo final, como sobreviventes
nós somos notas de rodapé em todos os casos.
É o alegado direito do primeiro ataque,
que poderia apagar o povo iraniano
subjugado por um boquirroto
e dirigido ao júbilo coletivo,
porque a construção de uma bomba atômica
em sua esfera de poder é cogitada.
Mas por que me nego,
a tratar pelo nome um outro país
no qual há anos — embora em segredo —
um crescente potencial nuclear está disponível
mas fora de controle, por que nenhuma prova
é acessível?
O silêncio generalizado desse fato,
ao qual se subordina o meu silêncio,
eu considero como uma mentira permanente
e obrigatória, que enfrenta punições
tão logo ele seja quebrado:
o veredicto de "antissemitismo" é imediato.
Agora porém, que meu país,
cujos crimes antigos,
que são inigualáveis,
uma vez e outra são trazidos à tona
de novo e de maneira protocolar, mesmo que
com lábios ágeis declara como reparação,
o envio a Israel
de mais um submarino, cuja especialidade
consiste em levar ogivas devastadoras de tudo
a um lugar, onde a existência
de uma única bomba atômica não foi provada
mas será pelo temor da força das provas,
digo o que deve ser dito.
Por que, porém, calei até agora?
Porque achava que minha origem,
que é manchada por uma mácula que nunca pode ser apagada
proibia atribuir esse fato como verdade anunciada
ao país Israel, ao qual eu sou ligado e
ao qual quero permanecer ligado.
Por que só digo agora,
envelhecido e com tintas finais:
a potência atômica Israel põe em risco
a já frágil paz mundial?
Por que é preciso dizer
aquilo que já pode ser tarde demais amanhã:
também porque nós — como alemães já suficientemente sobrecarregados —
poderíamos nos tornar cúmplices de um crime
que é previsível, causa pela qual nossa cumplicidade
não poderia ser amenizada
por nenhuma das desculpas costumeiras.
E admito: não me calo mais
porque estou cansado da hipocrisia do Ocidente;
além disso, há a esperança
de que vários se libertem do silêncio,
e instem o causador do perigo evidente
a abdicar da violência
e ao mesmo tempo insistam,
para que haja um controle sem restrições e permanente
do potencial atômico israelense
e das instalações nucleares iranianas
por uma instância internacional
com acesso permitido pelos governos de ambos os países.
Só assim se pode ajudar os israelenses e palestinos,
mais ainda, todas as pessoas, que nessa região
ocupada pela loucura
lado a lado vivem em inimizade,
e finalmente nós também.
Gunter Grass



 
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