Sunday, December 21, 2008

Costas voltadas para a Europa

Portugal é um país de costas voltadas para a Espanha e, através disso, de costas voltadas para a Europa.

É cheio de regionalismos, que exprimem séculos de viver sozinho. Os portugueses desconfiam dos espanhóis, dos catalães e, a partir daí a Europa torna-se uma miragem, só acessível para os mais interessados através de jornais, TV, ou de longas viagens.

Esta atitude vem de longe:
Ainda pescávamos bacalhau com barcos à vela e já toda a gente tinha aderido à pesca de arrasto
Salazar mandou os militares da Índia lutarem até ao último homem, numa atitude isolada e ultra-nacionalista.
Envolvemo-nos na guerra colonial mais espúria e sem futuro, em vez de negociar desde o início soluções políticas para África, como os povos europeus fizeram.
Como o povo português não tinha a mais pequena experiência política esteve quase a cair-se no comunismo a seguir ao 25 de Abril.
Depois do 25 de Abril demorámos demasiado tempo para regressar à normalidade democrática. Compare-se com Espanha.
Temos uma constituição cheia de boas intenções mas não acautelou um funcionamento dos nossos órgãos de soberania, que acaba por ter vícios iguais aos da 1ª República.

Piscamos o olho à corrupção (brandos costumes). O Casino Estoril (e o estilo de vida associado) é o maior da Europa e a nossa melhor sala de visitas.

Mas a solução não é ligar-se de qualquer maneira à Europa, mas sim crescer, aumentar o produto interno e diminuir o endividamento, tornar-se mais independente, aproveitar as ligações que tem com África e com o Brasil e ao mesmo tempo aproximar-se desta maneira nova.

Aproximar-se da Europa vai requerer originalidade e esforço.

Não basta sermos os bons alunos, ou o país que mais falhou. Gostava que apresentássemos originalidades e ao mesmo tempo nivelamento com os países deste Continente.

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