Saturday, December 04, 2010

Hipocrisia e retrocesso no Plano Nacional para a Redução dos Problemas Ligados ao Álcool

“O vice-presidente do IDT [Manuel Cardoso] diz que é preciso começar por implementar a lei que existe, e que proíbe o consumo de álcool a menores de 16 anos, e fiscalizar mais. "Depois, far-se-á a alteração, se for adequada e necessária para garantir o cumprimento da lei, e aumentar-se-á a idade dos 16 para os 18 anos".

O que acabamos de ler, num artigo de Jennifer Lopes no Público de 4 de Dezembro, é o cúmulo da hipocrisia. Não se aplicará a proibição de consumo a menores de 18 anos enquanto a fiscalização aos menores de 16 não estiver implementada. Como se não fosse tão fácil fiscalizar menores de 16 como, desde já, menores de 18.

Esta conclusão é já certamente uma das conclusões do Fórum Nacional Álcool e Saúde, que o IDT e outras entidades assinaram com os produtores de bebidas alcoólicas, que, naturalmente, querem expandir as suas vendas e áreas de negócio.

Este Vice-Presidente do IDT quer, com argumentos estúpidos, fazer de nós estúpidos.

Verónica Pereira, do jornal digital jornalismoportonet, afirma que: Restrições à publicidade e aumento dos impostos de bebidas alcoólicas estão excluídos do plano, que deverá entrar em vigor este semestre.

O Plano Nacional para a Redução dos Problemas relacionados com o álcool, que esteve até esta terça-feira em discussão pública, não vai aumentar os impostos nem criar novas restrições à publicidade de bebidas alcoólicas”.

Estas medidas sim, a par da fiscalização efectiva, reduziriam o consumo dos jovens e os enormes riscos associados.

Robin Room R, Babor T e Jurgen Rehm, afirmam no artigo Alcohol and public health. Saído na revista Lancet em 2005, após uma enorme investigação, que:

Estão disponíveis medidas preventivas baseadas na evidência, tanto nos níveis individuais como demográficos, com

1) Impostos sobre o álcool.

2) Restrições na disponibilidade de álcool.

3) Medidas contra a condução sob o efeito do álcool.

Estas são as opções de política mais eficazes e não as fantasias enganadoras da Direcção do IDT.

1 comment:

Manuel Borges said...

Batalha perdida digo eu na luta contra os cada vez mais numerosos e poderosos fabricante de bebidas alcoólicas ( vinhos e outras meio disfarçadas de refrigerantes)É o caminho inverso da responsabilização dos politicos actuais pelas políticas implementadas na área da educação, justiça e saúde. O público na passada semana previa que o Serviço Nacional de Saúde está falido dentro de dez anos. Vem juntar-se à segurança social que já se encontrava no barco com rombo mal remendado. E a justiça cada vez mais atrasada favorecendo descaradamente os políticos e seus amigos.Faz-me lembrar aquele cartaz " As putas ao governo pois que com os filhos isto não vai"

 
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