Thursday, February 28, 2008

EUCALIPTOS

INCOMPATIBILIDADES
Portugal é um país de eucaliptos, que poderão ter crescimento rápido para alimentar as fábricas de pasta de papel mas secam tudo em redor.
Um dos eucaliptos portugueses chama-se José Miguel Caldas de Almeida. Quais são os cargos públicos deste senhor?
1: Foi presidente do Conselho Nacional de Saúde Mental
2: É Presidente do Conselho Nacional de Reestruturação da Saúde Mental, que reestruturou o anterior, e que acumulou, durante uns tempos, com o anterior
3: É Director da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa
4 e 5: É Professor de 2 Cadeiras nessa Faculdade (Psicologia e Psiquiatria e Saúde Mental)
6: É Director do Departamento de Psiquiatria do Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental – Antigo Hospital de S. Francisco Xavier.
Se tivesse havido dignidade por parte das instituições envolvidas e por parte deste senhor, estes 6 cargos que Caldas de Almeida ocupa deveriam ter sido atribuídos a 6 pessoas diferentes. Liquidou as oportunidades a 5 e certamente não é bom em nenhum destes cargos. Será antes muito mau. Uma autêntica rolha. Um eucalipto rodeado de seguidores sem carácter e que não deixa ninguém crescer.
Parece-me também haver falta de bom senso na atribuição de tantos lugares à mesma pessoa, bem como falta de bom senso em aceitá-los. Não se compreende o silêncio e a pactuação das instituições envolvidas: Faculdade de Ciências Médicas, Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental, e o próprio Ministério da Saúde.
A Faculdade de Ciências Médicas: não se percebe como aceita que o seu Director ocupe tantos lugares públicos, para além de ser professor de duas cadeiras.
O Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental: Não se percebe como contemporiza com um Director de Serviço necessariamente tão ausente, o que dificulta certamente a assistência aos doentes e a gestão diária do referido serviço.
O Ministério da Saúde: não se percebe como atribui uma tarefa de tanta responsabilidade (gestão e organização dos Serviços de Saúde Mental) a uma pessoa já tão ocupada. Ao mesmo tempo que é severo com as vulgares incompatiblidades deixa passar esta.
Aliás a Faculdade de Ciências Médicas, e provavelmente tantas outras no país, tem, no seu corpo docente, professores que nem precisam de se deslocar lá porque o seu vencimento lhes é transferido directamente para a sua conta bancária!
Não se compreende também o silêncio (comprometido?) da psiquiatria portuguesa.
Nos seus discursos Caldas de Almeida bate sempre na mesma tecla: à medida que ele fala na necessidade de maior assistência promove que o Ministério da Saúde feche camas.
Se souberem de mais eucaliptos como este, por favor digam.

4 comments:

Anonymous said...

Das duas uma, ou os cargos são da treta e cá temos mais um cromo da treta, ou estamos perante um super hiper mega funcionário público.
Caso estejamos perante a segunda hipótese não deveria ser clonado?? deve haver mais cargos da treta para preencher.
Poderia substituir o novo assistente social que o pessoal do álcool herdou?
Vamos dar de beber á dor que é o melhor, já dizia a Mariquinhas

O Megafone

Anonymous said...

excelente...

Anonymous said...

Aristides de Sousa Mendes

Ontem vi na TV um documentário sobre este homem que agiu de acordo com a a sua consciência e uma enorme coragem, a troco da sociedade portuguesa o perseguir até ao fim da sua vida negando sempre o seu grande valor.

É interessante pensarmos que ao fim ao cabo talvez ainda hoje os mesmos valores de negação da consciência por parte da sociedade portuguesa ainda se mantenham.

Todos concordam com os valores da consciência embora todos façam os possíveis para se afastarem dela pois a conciência queima...

Enquanto se mantiver na administração pública os mesmos princípios de respeito pelas hierarquias que condenaram Aristides à miséria, talvez só reste no poder da administração pública uma plantação de eucaliptos em franca expansão...

Nuno Torres said...

é de facto inqualificável este acumular de cargos. como é que alguém pode fazer tantas coisas ao mesmo tempo?

eu sei de pessoas que põe estagiários a escrever o seu doutoramento e as aulas de agregação...pagam-lhes uns jantares e umas prendas, e vão parasitando as pessoas.

 
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