
Portugal é um país de eucaliptos, que poderão ter crescimento rápido para alimentar as fábricas de pasta de papel mas secam tudo em redor.
Um dos eucaliptos portugueses chama-se José Miguel Caldas de Almeida. Quais são os cargos públicos deste senhor?
1: Foi presidente do Conselho Nacional de Saúde Mental
2: É Presidente do Conselho Nacional de Reestruturação da Saúde Mental, que reestruturou o anterior, e que acumulou, durante uns tempos, com o anterior
3: É Director da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa
4 e 5: É Professor de 2 Cadeiras nessa Faculdade (Psicologia e Psiquiatria e Saúde Mental)
6: É Director do Departamento de Psiquiatria do Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental – Antigo Hospital de S. Francisco Xavier.
Se tivesse havido dignidade por parte das instituições envolvidas e por parte deste senhor, estes 6 cargos que Caldas de Almeida ocupa deveriam ter sido atribuídos a 6 pessoas diferentes. Liquidou as oportunidades a 5 e certamente não é bom em nenhum destes cargos. Será antes muito mau. Uma autêntica rolha. Um eucalipto rodeado de seguidores sem carácter e que não deixa ninguém crescer.
Parece-me também haver falta de bom senso na atribuição de tantos lugares à mesma pessoa, bem como falta de bom senso em aceitá-los. Não se compreende o silêncio e a pactuação das instituições envolvidas: Faculdade de Ciências Médicas, Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental, e o próprio Ministério da Saúde.
A Faculdade de Ciências Médicas: não se percebe como aceita que o seu Director ocupe tantos lugares públicos, para além de ser professor de duas cadeiras.
O Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental: Não se percebe como contemporiza com um Director de Serviço necessariamente tão ausente, o que dificulta certamente a assistência aos doentes e a gestão diária do referido serviço.
O Ministério da Saúde: não se percebe como atribui uma tarefa de tanta responsabilidade (gestão e organização dos Serviços de Saúde Mental) a uma pessoa já tão ocupada. Ao mesmo tempo que é severo com as vulgares incompatiblidades deixa passar esta.
Aliás a Faculdade de Ciências Médicas, e provavelmente tantas outras no país, tem, no seu corpo docente, professores que nem precisam de se deslocar lá porque o seu vencimento lhes é transferido directamente para a sua conta bancária!
Não se compreende também o silêncio (comprometido?) da psiquiatria portuguesa.
Nos seus discursos Caldas de Almeida bate sempre na mesma tecla: à medida que ele fala na necessidade de maior assistência promove que o Ministério da Saúde feche camas.
Se souberem de mais eucaliptos como este, por favor digam.