O Doutoramento Honoris Causa de António Coimbra de Matos foi em 19 de Setembro de 2012 no ISPA, Instituto Superior de Psicologia Aplicada.
Coimbra de Matos deu contributos inestimáveis à psiquiatria, pedopsiquiatria, psicologia e psicanálise portuguesas, como os conceitos de depressividade e depressão, relação e empatia, o conceito psicológico de amor e a sua aplicação na vida e em terapias, entre tantos outros, divulgou o conceito de refutabilidade da ciência, do amor do objeto que constrói o sujeito.
Para além destes contributos tratou temas de âmbito geral, como democracia, sociedade, progresso.
É um pensador frontal, destruidor de mitos, com os pés na terra, pouco dado a fantasias, próximo das pessoas e talvez por isso não foi ainda apreciado devidamente, nem pelos seus colegas nem por esta sociedade em que vivemos.
O ISPA foi ousado e abriu agora uma excepção, que esperamos que continue.
Em Portugal temos uma cultura que desvaloriza as pessoas, que muda o nome aos hospitais e instituições ao sabor de cada governante que passa, onde qualquer medíocre estrangeiro é idolatrado e temido, enquanto muitas das suas mensagens nem sequer são compreendidas. Muitos portugueses ao fim de meia hora já sabem tudo, dispensando mais aprendizagens e explicações.
Neste sistema cultural defensivo e pesporrente não admira que não se valorize nem se dê dignidade a quem sabe. Empobrece-se assim o país e os seus criadores, sujeitos a uma vida de invejas, obstáculos e calúnias.
Os nossos premiados são sempre os mesmos: Sobrinho Simões, Manuel de Oliveira, Eduardo Lourenço, e poucos mais. Sem lhes tirar o mérito, muitos fizeram carreira no estrangeiro, outros são distantes e agradam a todos os quadrantes políticos e estas nomeações passam pelo crivo de comissários que lhes tiram o frescor e a verdura, e impedem que outros, tanto ou mais ousados, atrevidos e criadores, se imponham.
Mesmo a estes, pouco se divulga da sua obra.
Então nas condecorações entre médicos é uma vergonha. Não há quem não tenha sido já condecorado pelo 1º Ministro ou pelo Presidente da República. Todos menos Coimbra de Matos e tantos outros que muito mais as mereceriam.
Exige-se agora uma maior e mais representativa homenagem, ou várias, a nível nacional. Parabéns ao ISPA que deu o pontapé de saída. Que se estude a sua obra, os contributos e os conceitos inovadores que produziu ao longo da sua vida!
Tuesday, September 25, 2012
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