Porque só agora me relembrei desta canção, deste fantástico
poema, tão revoltado com a relação sado-masoquista que Deus impunha a seu filho
Cristo?
Escrito no auge da ditadura brasileira faz lembrar os
Vampiros de José Afonso, cantado com a mesma força e a mesma paixão. Só que
este tema ainda é mais universal, quotidiano e diário.
Libertemo-nos para sempre deste Cálice de vinho tinto de sangue, de engolir Sapos Vivos, de comer se beber as toneladas de porcaria a que nos querem obrigar!
Este post é dedicado ao povo da Síria
Pai, afasta de mim este cálice
Pai, afasta de mim este cálice
Pai, afasta de mim este cálice
De vinho tinto de sangue
Pai, afasta de mim este cálice
Pai, afasta de mim este cálice
Pai, afasta de mim este cálice
De vinho tinto de sangue
Como beber dessa bebida amarga?
Tragar a dor engolir a labuta?
Mesmo calada a boca resta o peito
Silêncio na cidade não se escuta
De que me vale ser filho da santa?
Melhor seria ser filho da outra
Outra realidade menos morta
Tanta mentira tanta força bruta
Pai,(pai) afasta de mim este cálice
Pai, afasta de mim este cálice
Pai, afasta de mim este cálice
De vinho tinto de sangue
Como é difícil acordar calado
Se na calada da noite eu me dano
Quero lançar um grito desumano
Que é uma maneira de ser escutado
Esse silêncio todo me atordoa
Atordoado eu permaneço atento
Na arquibancada pra qualquer momento
Ver emergir o monstro da lagoa
Pai,(pai) afasta de mim este cálice
Pai, afasta de mim este cálice
Pai, afasta de mim este cálice
De vinho tinto de sangue
De muito gorda a porca já não anda
(cálice)
De muito usada a faca já não corta
Como é difícil, (pai)pai, abrir a porta
(cálice)
Essa palavra presa na garganta
Esse pileque homérico no mundo
De que adianta ter boa vontade
Mesmo calado o peito resta a cuca
Dos bêbados do centro da cidade
Pai, afasta de mim este cálice
Pai, afasta de mim este cálice
Pai, afasta de mim este cálice
De vinho tinto de sangue
Talvez o mundo não seja pequeno
(cálice)
Nem seja a vida um fato consumado
(cálice)
Quero inventar o meu próprio pecado
(cálice)
Quero morrer do meu próprio veneno
(pai) (cálice)
Quero perder de vez tua cabeça
(cálice)
Minha cabeça perder teu juízo
(cálice)
Quero cheirar fumaça de óleo disel
(cálice)
Me embriagar até que alguém me esqueça
(cálice)
(cálice)
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