Sunday, May 29, 2011

Salvar a Amazónia. Os novos palestinianos

Irmã Dorothy Stang

Chico Mendes


Salvar a Amazónia parece uma causa perdida.

Ainda agora foram assassinados no Pará um casal de colhedores de castanhas (castanheiros) que teimava em denunciar o desmatamento ilegal e as actividades dos madeireiros.
Como na causa Palestiniana, timorense e árabe as revoltas são precedidas por lutadores avançados que devemos apoiar com todas as nossas forças.

Publicamos o texto do

Marise Jalowitzki - Contato: compromissoconsciente@gmail.com
de 26 de Maio de 2011


Ativistas ambientais são executados no Pará e vaiados na Câmara dos Deputados quando suas mortes foram anunciadas!!!


A reportagem é de Carlos Mendes e publicada pelo jornal O Estado de S.Paulo, 25-05-2011.

De acordo com testemunhas, o casal foi surpreendido por pistoleiros na estrada que leva ao assentamento agroextrativista Praia Alta Pirandeira, uma área de 22 mil hectares à margem do lago da usina hidrelétrica de Tucuruí. No local vivem cerca de 500 famílias.José Cláudio e Maria eram conhecidos na região como defensores da floresta.

Familiares afirmaram que nos últimos dias alguns homens "em atitudes estranhas" estavam rondando a residência do casal, principalmente à noite. Eles contaram ainda que, para intimidar, os suspeitos disparavam tiros para o alto e depois desapareciam.

Há suspeita de que os homens estariam a serviço de madeireiros incomodados com a vigilância que o casal exercia para que as florestas em volta do assentamento não fossem derrubadas. Segundo os familiares, até animais da propriedade do casal foram mortos como aviso para que eles parassem com as denúncias de desmatamento.

O secretário de Segurança Pública, Luiz Fernandes Rocha, enviou uma equipe de peritos e um grupo de policiais civis para apurar as circunstâncias dos crimes. Segundo Rocha, o governo do Pará realizará todos os esforços necessários para que os assassinatos não fiquem impunes.

"O Estado não vai tolerar mais esse tipo de violência em nosso território. Mobilizamos uma grande equipe para ir até o local e investigar o problema e, se possível, voltar com os responsáveis presos", afirmou o secretário. O delegado-geral adjunto de Polícia Civil,Rilmar Firmino, está coordenando a equipe e chefiará pessoalmente as investigações.

Vigilância

Toda a área da reserva extrativista do assentamento é rica em espécies de madeira nobre, como angelim e jatobá. A propriedade do casal tinha 80% da mata preservada. Eles viviam há 24 anos na região e faziam parte da Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS), uma organização não governamental criada por Chico Mendes, assassinado no Acre na década de 80 por também defender a floresta amazônica.

Para o diretor da Regional Belém do CNS, Atanagildo Matos, as vítimas deixam uma lição: permitir que o povo da floresta possa viver com qualidade, de forma sustentável, com o meio ambiente. Ele pediu que o Ministério Público Federal e a Polícia Federal investiguem o caso.

Em nota, o Fórum da Amazônia Oriental (FAOR) condenou o assassinato, afirmando que o casal estava "marcado" para morrer. "Mais uma vez tombam aqueles que insistem em defender a floresta", diz o manifesto, exigindo que as autoridades investiguem com seriedade o crime e prendam os mandantes e executores para que o fato "não faça parte da imensa lista de impunidade que assola o Pará".

Investigação

O Ministério Público Federal enviou ofício para a Polícia Federal pedindo que acompanhe as investigações sobre o assassinato do castanheiro José Cláudio Ribeiro da Silva e de sua mulher.

Ruralistas vaiam anúncio de morte

Era perto das 16h quando uma cena grotesca aconteceu no plenário da Câmara dos Deputados. O líder do Partido Verde, José Sarney Filho, lia uma reportagem sobre o extrativista José Claudio Ribeiro da Silva, brutalmente assassinado pela manhã no Pará, junto com sua mulher Maria do Espírito Santo da Silva, também uma liderança amazônica.
Ao dizer que o casal que procurava defender os recursos naturais havia morrido em uma emboscada, ouviu-se uma vaia. Vinha das galerias e também de alguns deputados ruralistas.
A indignidade foi contada no Twitter e muito replicada. "Foi um absurdo o que aconteceu", diz Tasso Rezende de Azevedo, ex-diretor geral do Serviço Florestal Brasileiro. "Ficamos estarrecidos".

A reportagem é de Daniela Chiaretti e publicada pelo jornal Valor, 25-05-2011.

O assassinato de Zé Claudio, como era conhecido, e de Maria do Espírito Santo aconteceu às 7h da manhã, a 50 km de Nova Ipixuna, sudeste do Estado, na comunidade de Maçaranduba. "Eles vinham no carro deles, indo para a cidade. Tinha uma ponte meio danificada no igarapé. Ele desceu para ver e ali foi a emboscada", conta Atanagildo Matos, diretor da regional Belém do Conselho Nacional das Populações Extrativistas, o ex-Conselho Nacional dos Seringueiros. Zé Claudio foi morto fora do carro, Maria foi baleada dentro do veículo. Uma orelha foi arrancada pelos pistoleiros, conta Atanagildo, o primeiro a ser avisado por Clara Santos, sobrinha de Zé Claudio.
O casal vinha sofrendo ameaças desde 2008. "É um área muito tensa, que vinha sofrendo muita pressão de madeireiros e carvoeiros", conta Atanagildo. "Era a última área da região com potencial florestal muito bom. Claudio e Maria resistiam muito ao desmatamento." Os dois viviam em Nova Ipixuna há 24 anos, em um terreno de 20 hectares no Projeto de Assentamento Agroextrativista (Paex) Praialta- Piranheira, às margens do lago de Tucuruí. Extraíam óleo de andiroba e castanha.
Em palestra em novembro, no evento TEDx Amazônia, Zé Claudio denunciava o desmate. "É um desastre para quem vive do extrativismo como eu, que sou castanheiro desde os 7 anos da idade, vivo da floresta e protejo ela de todo jeito. Por isso, vivo com a bala na cabeça, a qualquer hora".

Gilberto Carvalho, secretário-geral da Presidência estava no Fórum Interconselhos quando um dirigente daConfederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) deu a notícia. Foi ao Palácio, relatou à presidente Dilma Rousseff e ela determinou ao ministro da Justiça José Eduardo Cardozo que a Polícia Federal apure o assassinato dos sindicalistas.

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