Wednesday, June 04, 2008


Ana Bela Ferreira. Diário de Notícais. 3-6-2008


Miguel Bombarda e Júlio de Matos em situação caótica

Administração propôs um só médico para assegurar urgências durante a noite

A fusão dos hospitais Miguel Bombarda e Júlio de Matos lançou o caos nos serviços psiquiátricos e, segundo vários médicos, a situação culminou na demissão da directora clínica do Júlio de Matos.

A Lusa adianta ainda que estes clínicos garantem que as urgências estão "em ruptura".Os hospitais Miguel Bombarda e Júlio de Matos têm neste momento cerca de 500 doentes internados.

Depois a "tentativa de encerramento dos dois hospitais e a diminuição do pessoal não tem sido benéfica para os doentes", alerta Pilar Vicente, clínica do Miguel Bombarda.Outra das críticas vai para a medida que promove a saída dos doentes do hospital.

"Aquela ideia moderna de integrar os doentes psiquiátricos no meio familiar é muito bonita quando as famílias têm condições para os acolher e os podem acompanhar", aponta Pilar Vicente.A psicóloga do Miguel Bombarda Ana Barreiros também denuncia que "os utentes têm alta de forma abrupta, que vêem os tratamentos interrompidos". "Não pode ser assim pois muitos destes doentes não conhecem outra realidade além do hospital", lembra a psicóloga.As saídas abruptas criam outro problema: "uma pessoa não passa de um psicólogo para outro com a mesma facilidade que muda de clínico geral", considera a psicóloga.

Ana Barreiros, psicóloga no Miguel Bombarda, alerta ainda para o facto de "começarem a existir listas de espera para acompanhamento psicológico". "Antes só existiam nos hospitais centrais, que encaminhavam os doentes para nós, agora até aqui temos listas", esclarece ao DN a psicóloga.

O número de profissionais foi também revisto e, por isso, dos 21 psicólogos que há um ano trabalhavam no Miguel Bombarda só 12 se mantém. "O problema é que a nova legislação limita a contratação de profissionais", explica Ana Barreiros.A psicóloga e dirigente sindical não tem dúvidas: "é tudo feito sem pensar nas consequências". "Prevalece a perspectiva económica em detrimento da social", acusa ainda Ana Barreiros.

A psiquiatra Pilar Vicente frisa também que "parte do apoio indispensável está a ser cortado". Agora que o hospital Miguel Bombarda deixou de realizar consultas em algumas especialidades, todos os doentes da zona Sul do País e da área de Lisboa são encaminhados para o Júlio de Matos.Uma situação que se agravará se passar a ser um único médico a assegurar a urgência, como prevê a administração. Pilar Vicente recorda que este tipo de urgência "é pesadíssima". Do lado da administração, o presidente do Conselho de Administração e director do centro hospitalar psiquiátrico de Lisboa, que engloba os dois hospitais, Ricardo França Jardim garantiu à Lusa que "se houver necessidade, pagamos horas extraordinárias ou faremos contratação externa".

O próprio Ricardo França Jardim admitiu também "um certo mal estar dos colegas das urgências". O responsável acrescentou que está "a tentar alterar esta situação, racionalizando os serviços". Ricardo França Jardim informou ainda que a directora clínica apresentou a demissão no passado dia 15 de Maio, "alegando problemas de doença pessoal".

Mas, várias fontes do hospital confessaram à Lusa que esta se terá demitido devido ao caos em que se encontram estes hospitais.

Nada que neste blogue não se tenha afirmado desde há muito tempo, numa informação de que temos sido os pioneiros. Caldas de Almeida, instituído pelo Governo, é um dos principais responsáveis por esta situação.

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